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Tribunal ouve caso histórico de bloqueio de pirataria de DNS * Strong The One

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quad9Em 2021, a Sony Music obteve uma liminar que ordenou que o resolvedor de DNS Quad9 bloqueasse um popular site pirata.

A liminar, emitida pelo Tribunal Distrital de Hamburgo, exigia que o resolvedor de DNS suíço bloqueasse o acesso a um site com links para música pirata.

O nome do site visado não foi revelado, mas deduzimos que Canna.to era o alvo. Esse site também foi alvo de um acordo de bloqueio voluntário previamente assinado por detentores de direitos e ISPs.

Recursos Quad9, processo principal dos arquivos Sony

A Quad9 Foundation se opôs ferozmente à liminar. O resolvedor de DNS apresentou um recurso ao Tribunal na esperança de anular a ordem de bloqueio, argumentando que a decisão estabelece um precedente perigoso.

A fundação sem fins lucrativos enfatizou que os direitos autorais devem ser respeitados online, mas acredita que a aplicação de medidas de bloqueio por meio de terceiros intermediários vai longe demais.

A objeção inicial falhou quando o Tribunal Regional de Hamburgo confirmou a liminar de bloqueio. No entanto, esse foi apenas um processo preliminar, e a Quad9 foi inflexível em continuar a batalha legal para evitar um impacto mais amplo no ecossistema da Internet.

Quad9 não está sozinho em ver isso como uma questão crucial; A Sony também, embora por razões diferentes. A gravadora iniciou um processo principal no tribunal de Leipzig, a próxima etapa do processo legal em que ambos os lados poderiam apresentar mais evidências e opiniões de especialistas.

Tribunal ouve caso de bloqueio de DNS

A questão foi ouvida ontem no tribunal regional de Leipzig, onde ambas as partes puderam apresentar os seus argumentos. Enquanto uma decisão ainda está por vir, Quad9 reiterou a importância do caso. Se a Sony vencer, a Quad9 acredita que ações de bloqueio mais amplas podem ocorrer.

“Embora esse bloqueio se aplique apenas aos serviços da Quad9 localizados na Alemanha, ao levar esse processo judicial a bom termo, a Sony Music – e aqueles que eventualmente seguirem – parecem estar promovendo a ideia de que estão acima e além dos princípios de liberdade, descentralização, e proporcionalidade”, escreve o provedor de DNS.

O Quad9 argumenta que está apenas transmitindo metadados; não armazena nem transfere nenhum conteúdo. É do interesse do público em geral manter os resolvedores de DNS universalmente acessíveis, e qualquer curadoria deve ser feita no melhor interesse dos usuários, não das corporações.

Essa última parte pode ser relevante; O Quad9 se posicionou como um resolvedor de DNS seguro que oferece aos usuários a opção de bloquear milhões de conexões e sites relacionados a malware. Nesse caso, porém, acredita que os bloqueios à pirataria por ordem judicial não são de interesse público.

“O DNS recursivo não é um local eficaz ou razoável para impor políticas externas indesejadas ou não solicitadas pelo usuário final”, observa Quad9.

“A capacidade das entidades corporativas de impor sua vontade a terceiros não relacionados, como serviços de resolução de DNS, cria um efeito inibidor que reduzirá a troca gratuita de informações e apresenta um risco significativo de abuso e abuso contra o qual há poucos recursos”.

Especialista compara principais casos de pirataria

O resolvedor de DNS é apoiado pela German Society for Freedom Rights (GFF), que contratou a Prof. Dra. Ruth Janal para preparar uma opinião especializada. O relatório conclui que intermediários como o Quad9 não devem ser responsabilizados por violação de direitos autorais de terceiros.

Segundo o professor, os argumentos da Sony Music e a decisão do tribunal de primeira instância equiparam o resolvedor de DNS a plataformas de hospedagem de conteúdo como YouTube e Uploaded, enquanto o Quad9 se assemelha mais a um mero serviço de conduíte, no sentido de simplesmente repassar bits.

O Tribunal Federal da Alemanha decidiu anteriormente que os serviços de hospedagem podem de fato ser responsabilizados por violação de direitos autorais (por exemplo, YouTube/Uploaded), mas a mesma lógica não deve se aplicar a um provedor de DNS, argumenta o professor Janal.

Como um mero serviço de conduta, os tribunais podem exigir que a Quad9 aja por meio de uma liminar “sem culpa”, um processo que já é usado em ordens de bloqueio de ISP. Nesses casos, no entanto, o intermediário não é responsabilizado por usuários piratas.

Especificamente, uma ordem judicial recente na Alemanha relativa ao Sci-Hub esclareceu que esses tipos de bloqueios só são garantidos se todas as outras opções tiverem sido esgotadas. Isso inclui ir atrás do provedor de hospedagem de um site.

‘A Sony deveria ir atrás da empresa de hospedagem’

O coordenador do projeto GFF, Felix Reda, que já atuou como membro do Parlamento Europeu pelo Partido Pirata, observa que a Sony falhou em ir atrás da empresa de hospedagem neste caso.

“Crucialmente, a Sony também não buscou uma liminar contra o provedor de hospedagem baseado na UE do site em questão em seu processo contra o Quad9”, informa Reda ao Strong The One.

“A opinião especializada da Prof. Ruth Janal considera claramente que o Quad9 é um tipo de serviço de mero canal como os ISPs e deve, portanto, ser tratado com base nas regras de liminares sem culpa, que só permitem o bloqueio de DNS se todas as opções para trazer esgotada a infração na fonte”, acrescenta Reda.

A gravadora ainda não divulgou publicamente sua opinião sobre o caso. A Sony e outros detentores de direitos provavelmente apresentarão seus próprios relatórios de especialistas argumentando que o bloqueio é justificado e razoável.

Alto risco

Não há como negar que as apostas são altas neste caso. A Quad9 e a GFF temem que, se os provedores de DNS puderem ser responsabilizados em vez de “sem culpa”, eles podem optar por não se opor a solicitações de bloqueio no futuro.

“Se os serviços de DNS fossem tratados como malfeitores, o risco financeiro de se opor a um pedido de bloqueio seria tão alto que eles teriam poucas opções a não ser atender a qualquer pedido de bloqueio sem levar a questão ao tribunal”, diz Reda.

Embora possa haver boas razões para bloquear um site, fazê-lo com a supervisão do tribunal ajuda a evitar o bloqueio excessivo, considerando os direitos dos provedores de serviços, detentores de direitos autorais e do público em geral.

De sua parte, os detentores de direitos acreditam que terceiros intermediários devem assumir a responsabilidade. Quando os provedores de DNS correm o risco de serem responsabilizados, a ação é garantida.

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