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Dado o número crescente de pessoas usando moedas virtuais em todo o mundo como uma ferramenta de investimento e um meio para comprar coisas, o mundo das criptomoedas não pode mais ser considerado o futuro de apenas alguns selecionados. Da mesma forma, há algum tempo, os cibercriminosos exploram essas moedas como uma forma inovadora de lavar os lucros de outras atividades ilegais.
“O aumento dramático do crime cibernético nos últimos anos, em grande parte fraudes financeiras, levou a uma situação em que os cibercriminosos estão mais uma vez procurando sistemas que permitem que quantias tão grandes de dinheiro sejam indetectáveis. Consequentemente, que melhor fórmula para eles do que fazê-lo por meio de serviços descentralizados baseados em criptomoeda?”, explica Herve Lambert, gerente global de operações de consumo da Panda Security.
De acordo com um relatório da Chainalysis, durante o ano passado, US$ 8.600 milhões foram lavados por criminosos em criptomoedas. “Uma tendência crescente”, sublinha Lambertembora o valor anual mais alto tenha sido US$ 10.900 milhões em 2019. Desde 2020, os criptocriminosos lavaram US$ 540 milhões usando o RenBridge serviço para envolver ativos digitais em blockchains.
Como funciona a lavagem de dinheiro com criptomoedas?
O sistema mais inovador, e o método de escolha dos criminosos ultimamente, é através do uso do software RenBridge. Os usuários, neste caso os cibercriminosos, podem enviar tokens, ou ativos digitais, de uma cadeia para outra. Essas transferências de moeda digital são feitas através de Darknodes, redes de milhares de validadores pseudônimos. “São sistemas não rastreáveis, sem nenhuma entidade centralizada e sobre os quais não há nenhuma regulamentação que existe com as exchanges de criptomoedas”, explica Herve Lambert, gerente global de operações de consumo da Segurança Panda.
Basicamente, a lavagem de dinheiro com criptomoedas pode usar três processos:
- Colocação: É aqui que uma quantia de dinheiro gerada por meio de uma atividade criminosa entra no sistema financeiro, por meio da troca de criptomoedas.
- Estratificação: Os cibercriminosos usam endereços comerciais aparentemente legítimos para encaminhar ativos para um endereço anônimo.
- Integração: O dinheiro entra na economia como um bem legal. É aí que entram os traders de criptomoedas de balcão (OTC), que, em troca de uma comissão, atuam como intermediários entre as duas partes na venda ou troca de criptomoedas, ou entre criptomoeda e dinheiro fiduciário.
“São sistemas não rastreáveis, sem nenhuma entidade centralizada e sobre os quais não há nenhuma regulamentação que existe com as exchanges de criptomoedas”
Que tipos de crimes são a fonte do dinheiro lavado?
- Crimes off-line: Uma das principais fontes de receita do crime organizado são as drogas. Os traficantes convertem a renda de suas atividades offline em criptomoedas para legitimar seus ativos. A operação é realizada da mesma forma que qualquer outro crime, mas uma vez obtido o dinheiro, ele é transferido para alguém que compra Bitcoins ou outro tipo de criptomoeda que acaba na carteira digital do grupo criminoso.
- Crime online: Isso se refere a todos os crimes cometidos no ambiente digital e, em particular, ataques de ransomware a empresas, roubo de credenciais bancárias e fraudes online por meio de técnicas de engenharia social combinadas com golpes mais ‘tradicionais’, como phishing. A diferença entre esses e crimes offline é que, nesse caso, os cibercriminosos são pagos em criptomoedas e os utilizam nos mesmos sistemas que os cidadãos cumpridores da lei para trocar dinheiro e fazer transações e compras através do DeFi, a criptomoeda equivalente ao banco tradicional sistema. “Hackers costumam ficar um passo à frente, e esse novo ambiente, que ainda é um mistério para a maioria das pessoas, dá a eles uma vantagem sobre os governos e o restante da população”, diz Lambert.
- Criptocrime: Isso se refere ao roubo de criptomoedas de trocas online. Os hackers acompanham o número crescente de transações de criptomoedas para roubar essas trocas. No ano passado, o Grupo Lazurs de hackers norte-coreanos conseguiu hackear duas exchanges de criptomoedas com um valor de cerca de US $ 30 milhões e que eles lavaram através de traders de criptomoedas de balcão (OTC).
Tipos de lavagem de dinheiro com criptomoedas
- Compras de imóveis. “O que é realmente interessante sobre as criptomoedas é que o dinheiro se torna tão difícil de rastrear”, explica Herve Lambert, gerente global de operações de consumo da Panda Security. A transformação de dinheiro em Bitcoins ou outros ativos digitais permite que os criminosos se envolvam em outras transações, como a compra não apenas de outros ativos digitais, mas também de ativos materiais, como propriedades. “Isso transforma lucros ilegais em ativos legítimos”, sublinha Lambert.
- Operando em plataformas de jogos de azar online. Os criptocriminosos também lavam ativos por meio de apostas em plataformas de jogos de azar. Uma vez que o dinheiro tenha sido depositado na conta de jogo, assim como com imóveis, ele se torna legítimo.
- Misturadores. Esses serviços são usados para aumentar ainda mais o anonimato e impedir o rastreamento de fundos antes de serem transferidos para outros tipos de trocas financeiras. São plataformas onde é possível misturar criptomoedas de diferentes endereços de usuários antes de transferi-las para novas carteiras de destino.
“Os criptonodos descentralizados tornaram-se os novos paraísos fiscais para os cibercriminosos, que não apenas protegem as atividades criminosas dos cibercriminosos, mas também podem atrapalhar a estabilidade dos mercados financeiros”, diz. Herve Lambert, gerente global de operações de consumo da Segurança Panda”.
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