Estudos/Pesquisa

Sincronizar seus relógios internos pode ajudar a mitigar o jet lag e os efeitos do envelhecimento

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Viajar para lugares distantes é uma ótima maneira de buscar novas experiências, mas o jet lag pode ser um efeito colateral desagradável. A adaptação a um novo fuso horário costuma ser acompanhada de fadiga, dificuldade para dormir e uma série de outros problemas que podem transformar uma aventura emocionante em uma viagem miserável.

O jet lag é causado por uma diferença entre o sistema circadiano – o relógio interno do corpo – e o ambiente circundante. Por volta da virada do século, os cientistas começaram a reconhecer que o corpo tem múltiplos relógios internos, calibrados de diferentes maneiras, e que sintomas semelhantes aos do jet lag podem ocorrer quando esses relógios ficam fora de sincronia entre si. Isso pode acontecer de várias maneiras e se torna mais prevalente com a idade.

Em Chaos, da AIP Publishing, uma equipe de cientistas da Northwestern University e do Santa Fe Institute desenvolveu um modelo teórico para estudar as interações entre múltiplos relógios internos sob os efeitos do envelhecimento e perturbações como o jet lag.

A pesquisa moderna mostrou que os relógios circadianos estão presentes em quase todas as células e tecidos do corpo. Cada um depende de seu próprio conjunto de dicas para calibrar; o relógio do cérebro depende da luz solar, por exemplo, enquanto os órgãos periféricos são calibrados na hora das refeições.

“Sinais conflitantes, como clima quente durante um fotoperíodo curto ou alimentação noturna – comer quando o cérebro está prestes a descansar – podem confundir os relógios internos e causar dessincronia”, disse o autor Yitong Huang.

Neste ponto, pouco se sabe sobre como os vários relógios internos do corpo afetam uns aos outros. A complexidade adicional de contabilizar vários relógios significa que os pesquisadores tendem a usar modelos simplificados.

“A maioria dos estudos concentra-se principalmente em um determinado horário ou em um único relógio”, disse Huang. “Lacunas importantes permanecem em nossa compreensão da sincronização de múltiplos relógios sob sinais de tempo conflitantes.”

Huang e seus colegas adotaram uma abordagem diferente, construindo uma estrutura matemática que dá conta dessa complexa interação entre sistemas. Seu modelo apresenta duas populações de osciladores acoplados que imitam os ritmos naturais dos ciclos circadianos. Cada oscilador influencia os outros enquanto se ajusta simultaneamente com base em sinais externos exclusivos.

Usando este modelo, a equipe conseguiu explorar como esse sistema acoplado poderia ser interrompido e o que pioraria o efeito. Eles descobriram que os sintomas comuns do envelhecimento, como sinais mais fracos entre os relógios circadianos e uma menor sensibilidade à luz, resultam num sistema mais vulnerável a perturbações e com recuperação mais lenta.

Eles também descobriram um novo método para acelerar a recuperação do jet lag e de perturbações semelhantes. De acordo com os resultados, o caminho para dormir melhor é através do estômago.

“Fazer uma refeição maior no início da manhã no novo fuso horário pode ajudar a superar o jet lag”, diz Huang. “Mudar constantemente os horários das refeições ou fazer uma refeição à noite é desencorajado, pois pode levar ao desalinhamento entre os relógios internos”.

Os autores planejam investigar o outro lado da equação e identificar os fatores que resultam em relógios internos mais resilientes. Tais descobertas podem resultar em recomendações para prevenir o jet lag, ou para manter o sistema circadiano saudável até a velhice.

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