Estudos/Pesquisa

Novo método para análise de impressões digitais é muito promissor

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Um estudo inovador tornou possível extrair muito mais informações de impressões digitais como evidência do que é possível atualmente.

Um novo estudo do Departamento de Medicina Forense da Universidade de Aarhus é o primeiro no mundo a analisar impressões digitais em levantadores de gelatina usando imagens químicas. Isso pode ser crucial em casos criminais onde os métodos atuais são insuficientes.

A polícia dinamarquesa frequentemente coleta impressões digitais em cenas de crime usando os chamados levantadores de gelatina. Diferentemente de fita, esses levantadores são fáceis de usar e são adequados para levantar impressões digitais de superfícies delicadas, como tinta de parede descascada e objetos irregulares como maçanetas de portas.

Uma vez coletadas, as impressões digitais são fotografadas digitalmente para que possam ser processadas por meio de bancos de dados de impressões digitais. No entanto, a fotografia tradicional não consegue separar impressões digitais sobrepostas, que são frequentemente encontradas em cenas de crime. Impressões muito fracas também são problemáticas. Como resultado, muitas impressões digitais que poderiam contribuir para as investigações infelizmente precisam ser descartadas.

Um spray fino de solvente

Uma solução é apresentada no novo estudo do Departamento de Medicina Forense da Universidade de Aarhus, publicado recentemente na revista científica Química Analítica.

“Estamos apresentando um método que tem o potencial de ser integrado ao fluxo de trabalho tradicional da polícia. Se isso acontecer, mais impressões digitais de cenas de crime poderão ser usadas e avaliadas tanto visual quanto quimicamente”, diz o pós-doutorado Kim Frisch, que está por trás do estudo.

O método é baseado em uma técnica chamada Espectrometria de Massas de Ionização por Eletrospray de Dessorção (DESI-MS), que funciona medindo os compostos químicos em impressões digitais com base em sua massa.

“Enviamos um spray muito fino de solvente, consistindo de gotículas eletricamente carregadas de metanol. Isso libera e ioniza substâncias na superfície da impressão digital no levantador de gelatina. As substâncias são então atraídas para o instrumento, onde suas massas são medidas individualmente”, explica Kim Frisch.

DESI-MS foi inventado há cerca de 20 anos e foi desenvolvido para análise geral de superfícies. Em 2008, foi demonstrado que a técnica poderia ser usada para imagens químicas de impressões digitais em superfícies de vidro e fita.

“Mas agora mostramos que a técnica também pode ser usada para analisar impressões digitais coletadas em levantadores de gelatina, que são usadas pela polícia em muitos países, incluindo a Dinamarca. Esta é uma química analítica usada em um contexto forense, e tem grande potencial”, diz o pesquisador.

Revelando impressões digitais onde a imagem óptica tradicional falha

Impressões digitais sobrepostas representam um desafio significativo para os investigadores porque são difíceis de separar. O estudo mostra que o novo método pode ser usado para separar impressões digitais sobrepostas (Figura 2) e para realçar impressões digitais fracas em situações em que a imagem óptica falha.

Até agora, o método foi testado em impressões digitais coletadas em laboratório, mas os pesquisadores agora estão testando o método em impressões digitais de cenas de crime. Para esse propósito, eles receberam impressões digitais coletadas pela National Special Crime Unit da Polícia Dinamarquesa, e há grandes esperanças para os resultados no Departamento de Medicina Forense.

Podemos analisar gênero, idade e hábitos alimentares?

O método ainda está em desenvolvimento, e os pesquisadores agora estão se concentrando mais na análise da composição química das impressões digitais.

Uma impressão digital é muito mais do que um padrão único — ela também contém uma variedade de compostos químicos da pessoa que deixou a impressão. Esses compostos incluem lipídios naturais, aminoácidos e peptídeos secretados pela pele. No entanto, a impressão digital também pode conter nicotina, cafeína, drogas, ingredientes cosméticos e substâncias potencialmente incriminatórias, como lubrificantes de preservativos e explosivos que foram secretados pela pele ou contaminaram a pele após o contato.

Imagens químicas poderiam ser usadas para traçar o perfil da pessoa que deixou a impressão digital.

Muitos pesquisadores ao redor do mundo estão trabalhando para desenvolver métodos para esse propósito — não apenas usando a técnica empregada no Departamento de Medicina Forense em Aarhus. Há exemplos na literatura de que impressões digitais podem revelar se as pessoas ingeriram ou tocaram em substâncias de abuso, como cocaína, cannabis e ayahuasca.

Estudos também foram conduzidos com o objetivo de determinar gênero, idade e fatores de estilo de vida de indivíduos, como dieta, medicamentos e fumo, a partir de suas impressões digitais. O Departamento de Medicina Forense continua trabalhando no estudo, apoiado pelo Danish Victims Fund e em andamento por dois anos e meio, em um esforço para maximizar as informações que podem ser obtidas a partir de impressões digitais.

Pesquisa focada na aplicação prática

A pesquisa é conduzida em estreita colaboração com a Unidade Nacional de Crimes Especiais da Polícia Dinamarquesa porque é importante que o trabalho tenha como objetivo a aplicação prática.

Até agora, os resultados sugerem que o método pode ser usado na prática.

“Quando a polícia coleta impressões digitais em uma cena de crime, os levantadores de gelatina podem, em princípio, ser enviados ao Departamento de Medicina Forense, onde escaneamos as amostras. No entanto, o processo de escaneamento é demorado, o que significa que não seríamos capazes de analisar amostras às centenas, como fazemos com, por exemplo, amostras de sangue. Esperamos que o método seja usado no futuro como uma análise especial em casos mais sérios, como assassinato e estupro”, diz Kim Frisch.

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