.

Os produtores de castanha de São João da Corvera, no concelho de Valpacos, queixam-se há anos consecutivos da diminuição da produção e nesta campanha estão preocupados com a queda do preço de venda da fruta.
“Mesmo quem não tem castanhas vive de castanhas. É uma bola de neve, se eu não ganhar, eles não ganham”, disse hoje à agência Fátima Machado, presidente do Conselho Diocese de São João da Corvera. Lusa, localizada na Serra da Padrilla, área protegida.Área Origem (DOP).
Com seis aldeias interligadas – Río Bom, Soprado, Junqueira, Vilarinho do Monte, Nocedo e Varges – e uma comunidade com cerca de 450 residentes, a freguesia da zona de Vila Real tem como principal fonte de rendimento a produção de castanha.
Há quem produz, há três empresas ligadas à castanha (compra, venda e fabrico) e há quem ganha a vida com o trabalho diário nos castanheiros (poda e apanha).
“É muito complicado”, disse o autarca, lembrando que a produção de castanha nesta região diminuiu ao longo de três campanhas sucessivas.
Este ano, os castanheiros ficaram sépticos, doença que faz com que as folhas caiam prematuramente e fiquem castanhas, como se tivessem sido queimadas, e o ouriço também. Esses fungos aparecem dependendo das condições climáticas, principalmente nos períodos em que o clima é úmido e depois extremamente quente, como aconteceu em setembro e início de outubro.
“É o cancro, depois é a tinta, são as vespas, são muitas, muitas doenças. Temos que fazer isso o ano todo e depois chegamos a este ponto e não há nada?”, lamentou Maria Emília Costa, referindo-se a um ” ano terrível” e “um ano terrível”. “Fiquei surpreso”.
Esta produtora disse não ter sido avisada para realizar tratamentos preventivos contra a doença séptica, queixa também salientada por outros agricultores da freguesia.
Costuma colher entre 25 e 30 toneladas de castanhas dos 4.800 castanheiros que possui, mas este ano teme colher apenas cerca de cinco toneladas.
No entanto, sublinha que as castanhas que sobreviveram e que agora estão a ser colhidas são “boas, bonitas, brilhantes e grandes”.
Este ano houve reclamações sobre a qualidade dos frutos, sobretudo os colhidos no início da campanha, o que se reflectiu no preço de compra do produto, que ronda os 1,20 e 1,50 euros o quilo.
Questionada sobre o preço de venda, Fátima Machado apontou o dedo às castanhas colhidas na primeira fase da campanha, porque duraram pouco tempo.
O valor disponibilizado aos agricultores, segundo María Emilia Costa, não cobre os custos de produção, destacando a mão-de-obra e os produtos utilizados na transformação dos castanheiros.
A produtora explicou que paga 60 euros por dia a cada trabalhador, e também fornece transporte, e confirmou que gasta cerca de 1.800 euros por cada tratamento que realiza nos pomares.
“É um grande investimento. Dizem que temos que ferver os castanheiros como se fossem vinhas. Talvez de 15 em 15 dias. Quem aguenta? É uma área muito grande.”
Daniel Carneiro iniciou a vindima esta semana e espera uma redução da produção de pelo menos “entre 60 e 70%” nos seus 700 castanheiros maduros.
“Há sete ou oito anos colhi mais castanhas com metade do número de castanheiros que tenho hoje”, disse, lembrando que o que vendeu até agora foi por 1,20 euros o quilo, o que, nos seus cálculos, só paga o “ custo.” . funcionários.” Ele acrescentou que o objetivo é “não ficar na floresta”.
Fátima Machado, presidente da Câmara e produtora da cidade, apontou a “acumulação de despesas”, com o aumento dos preços dos combustíveis e dos produtos farmacêuticos de base vegetal.
Salientou que já tinha colhido oito toneladas de castanha e duas toneladas no ano passado, esperando que a descida seja mais notória este ano. Há dois anos foi a septicemia que afectou os castanheiros, no ano passado foi a seca e este ano novamente a septicemia.
A Presidente junta a sua voz àqueles que pedem avisos oportunos para travar a doença. “Ninguém pede ajuda porque ninguém nos dá nada, mas como temos muitas associações e universidades, que nos ajudem. Ele ressaltou que existem muitas doenças em uma árvore.
Mickael Borges é dono de cerca de 500 castanheiros e espera que a produção caia de três toneladas para 600 a 700 quilogramas. “Isso é o máximo que vou conseguir”, lamentou.
“Foi um ano bom até ao início de setembro e de repente não tínhamos mais nada”, disse, lembrando que concilia o trabalho com a produção de castanha, o que é uma ajuda importante para o orçamento familiar.
Acrescentou que este já é o terceiro ano em que a produção tem sido “sempre baixa”. “Veremos como será a próxima situação”, frisou, manifestando a sua preocupação com o futuro do setor.
.