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Os venezuelanos conhecem todos os estados de espírito. Em duas décadas de chavismo passaram pela ilusão, pela descrença, pelo medo, pela raiva, pela luta e pela decepção até se acomodarem no mais grave de todos: a desesperança. A frase de que a maioria dos venezuelanos estava mais preocupada em sobreviver ao dia-a-dia da crise do que em procurar mudanças políticas tem prevalecido nos últimos anos. Isto tem sido repetido por analistas, cientistas políticos, líderes da oposição e meios de comunicação social, incluindo este. É por isso que ninguém viu o sucesso da participação nas primárias da oposição realizadas no domingo passado. Eleições organizadas manualmente, das quais até os seus promotores duvidaram, mas às quais responderam dois milhões de venezuelanos dentro e fora do país. Acontece que os cidadãos não foram anestesiados e a maior surpresa veio do próprio chavismo, que respondeu abrindo uma investigação judicial contra os organizadores do processo.
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