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O Brasil deu seus primeiros passos para um relacionamento com a indústria de tecnologia da China nesta semana, desafiando os esforços dos EUA para dissuadir seu antigo aliado de se aliar ao Reino do Meio.
Em reunião com o primeiro-ministro chinês, Xi Jinping, nesta semana, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva concordou em formar um grupo de trabalho para buscar a produção de semicondutores na América do Sul, Reuters relatado Sexta-feira. E para reforçar essa colaboração, os dois líderes assinaram 15 acordos, que promoveriam a pesquisa e o desenvolvimento conjunto de tecnologias que vão desde o monitoramento de florestas tropicais por satélite até investimentos em comunicações 5G, internet e serviços de segurança.
A reunião reforça o interesse do Brasil em atrair investimentos chineses em tecnologia, incluindo fabricação e embalagem de semicondutores, na região. E como já fizemos anteriormente relatadocomo a maior e mais rica nação da América do Sul, o Brasil é um ponto de apoio particularmente atraente para investimentos em tecnologia mais amplos no continente.
No entanto, a corte do Brasil aos fabricantes de chips chineses vem em oposição à coalizão de países liderada pelos EUA – que inclui Japão, Holanda e Taiwan – trabalhando ativamente para suprimir incipiente indústria de semicondutores da China. Essas medidas incluíram o corte do acesso chinês a equipamentos de semicondutores e cadeias de suprimentos de materiais.
Esta não é a primeira vez que os líderes brasileiros se opõem aos interesses dos EUA.
Os EUA pressionam há anos aliados e nações amigas, principalmente na Europa, a retirar e substituir os equipamentos Huawei e ZTE de suas redes, citando preocupações com segurança, incluindo o potencial de backdoors implantados pelo governo chinês. Esses esforços estão em andamento com o governo do Reino Unido anunciando recentemente um pedido de remoção e substituição, e a Alemanha atualmente avaliando as consequências econômicas de seguir o exemplo.
Durante a administração anterior do Brasil, o país pesado proibindo equipamentos de telecomunicações chineses, mas rapidamente recuou depois que as operadoras reclamaram que tal proibição aumentaria os preços.
Mas, apesar dos alertas, as autoridades brasileiras rejeitaram qualquer pressão dos EUA. Em março, o chanceler Celso Amorim disse que o Brasil não tinha medo do “lobo mau” e que, se um fabricante de chips chinês se aproximasse do país para construir uma fábrica lá, ele não via por que eles recusariam.
E tendo em conta o conteúdo dos acordos assinados esta semana, que colocam uma forte ênfase em redes e comunicações 5G, parece pouco provável que o país deixe de utilizar equipamentos da Huawei tão cedo.
Resta saber se o grupo de trabalho de semicondutores China-Brasil representará um investimento significativo na região. A fabricação de chips é um esforço notoriamente caro que não depende apenas de materiais, mas também de energia, água e talento. ®
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