Em 17 de dezembro de 2014, um anúncio histórico do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e do líder cubano, Raúl Castro, abriu as portas para uma nova era de cooperação entre os dois países. A decisão de restabelecer as relações diplomáticas após mais de meio século de isolamento mútuo foi vista como um passo importante em direção a uma reconciliação que poderia trazer benefícios econômicos, culturais e políticos para ambos os lados. No entanto, dez anos após essa abertura diplomática, a relação entre EUA e Cuba degringolou, e agora está à beira de um novo capítulo de tensão, alimentado pela chegada de Donald Trump ao poder nos EUA. Neste artigo, vamos analisar as causas profundas desse declínio e como a política do atual governo norte-americano pode afetar ainda mais a relação entre os dois países, levando a uma série de consequências imprevisíveis para a região e o mundo.
A Degradação da Relação EUA-Cuba após a Abertura Diplomática
Passados dez anos desde o anúncio histórico de abertura diplomática entre EUA e Cuba, relações entre os dois países entraram em colapso, especialmente durante o governo do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. As relações entre EUA e Cuba que no início de 2015 pareciam promissoras, foram subsequentemente deterioradas pelo presidente Trump, após sua posse em 2017. A lista de medidas adotadas por Trump inclui a limitação aos cidadãos americanos que visitavam a ilha caribenha, além de restringir negócios com empresas afiliadas ao governo cubano.
As alterações nas relações EUA-Cuba começaram efetivamente em junho de 2017, quando Trump anunciou que revertia partes dos acordos estabelecidos por seu antecessor. Entre as principais mudanças, figurava que os cidadãos americanos não poderiam mais viajar para Cuba como turistas, retornando às restrições que existiam antes de 2015. Estas alterações tinham como objetivo enfraquecer o governo socialista cubano, dificultando o ingresso de dólares americanos na ilha. Estas medidas estão direcionadas principalmente às empresas do setor de turismo, hotelaria e restaurantes na ilha caribenha.
Medidas Adotadas pelo Governo Trump (2017) | |
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Implicações para o Governo Cubano:
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A Destruição do Turismo: um dos maiores prejudicados devido às restrições aplicadas pela administração Trump foi o setor de turismo em Cuba. Os hotéis e resorts projetados para atender aos americanos que quiseram viajar para Havana ficaram inativos, oferecendo um impacto desastroso para empresas e funcionários que dependiam deste setor.
Perspectivas para a Política Externa Americana sob Trump
A política externa americana sob a presidência de Donald Trump é marcada por uma abordagem isolacionista e uma ênfase nas relações bilaterais, em detrimento da cooperação multilateral. Isso levou a uma revisão das políticas externas do país em várias regiões do mundo, incluindo a América Latina. Com relação à América Central, os Estados Unidos sob Trump priorizam políticas de segurança e controle de fronteiras, visando combater o tráfico de drogas e a migração ilegal.
Essa abordagem tem implicações significativas para a política externa americana na região, como podemos ver a seguir:
Área de Foco | Abordagem de Trump |
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Segurança e Defesa | Investimento em recursos militares e de segurança para combater o tráfico de drogas e a migração ilegal. |
Comércio e Investimento | Negociação de acordos comerciais bilaterais, visando promover os interesses americanos e proteger a economia nacional. |
Cooperação Regional | Foco na cooperação bilateral, em detrimento da cooperação multilateral, com países da América Central. |
Além disso, as políticas de Trump também têm implicações para a relação entre EUA e Cuba, como podemos ver nos seguintes pontos:
- Restrições ao Turismo: As restrições ao turismo americano em Cuba, anunciadas em 2019, visam reduzir o fluxo de dinheiro para o governo cubano.
- Limitações ao Comércio: As políticas de Trump também limitam o comércio entre os EUA e Cuba, visando restringir a economia cubana.
- Apelo à Liberdade e Democracia:** O governo Trump tem feito apelos à liberdade e democracia em Cuba, buscando pressionar o governo cubano a realizar reformas políticas.
Impactos Econômicos e Sociais da Ruptura Diplomática
Desafios Econômicos
A ruptura diplomática entre EUA e Cuba afeta diretamente a economia de ambas as nações. A diminuição do turismo americano em Cuba é uma das consequências mais evidentes, pois o número de visitantes americanos diminuiu drasticamente após a retirada dos EUA do acordo de Havana. Além disso, a embargo econômico, que continua em vigor, impede que empresas cubanas tenham acesso a financiamentos e tecnologias avançadas, dificultando o crescimento econômico da ilha.
Consequências Sociais
As consequências sociais da ruptura diplomática são igualmente preocupantes. A comunidade cubana nos EUA, que havia começado a se reconciliar com suas raízes cubanas, agora enfrenta dificuldades para enviar remessas para suas famílias em Cuba. Além disso, a diminuição do intercâmbio cultural e educacional afeta negativamente a formação de jovens cubanos e americanos. Algumas das principais consequências sociais incluem:
- Dificuldades para enviar remessas para famílias em Cuba
- Diminuição do intercâmbio cultural e educacional
- Afeta negativamente a formação de jovens cubanos e americanos
- Repercussões na saúde e bem-estar da população cubana
Setor | Impacto Econômico | Impacto Social |
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Turismo | Diminuição do número de visitantes americanos | Perda de empregos e oportunidades para os cubanos |
Comércio | Diminuição do comércio bilateral | Dificuldades para adquirir produtos e serviços básicos |
Educação | Diminuição do intercâmbio educacional | Perda de oportunidades para os jovens cubanos e americanos |
Oportunidades e Desafios para uma Nova Abordagem Diplomática
A abertura diplomática entre EUA e Cuba, iniciada em 2015, trouxe uma série de oportunidades para ambos os países. No entanto, ao longo dos últimos dez anos, a relação entre eles enfrentou vários desafios que podem ser agravados com o retorno da administração Trump ao poder.
Um dos principais desafios foi a pressão exercida pela comunidade cubana nos EUA, que se opôs veementemente às medidas implementadas pela administração Obama. Além disso, a Cuba enfrentou resistência interna para realizar as reformas necessárias para normalizar as relações com os EUA.
- Desenvolvimento econômico: A abertura diplomática permitiu um aumento no turismo e investimento estrangeiro em Cuba, mas a ilha ainda enfrenta uma série de desafios econômicos, incluindo uma inflexível burocracia e falta de infraestrutura
- Liberdade de expressão: A relação entre EUA e Cuba também foi afetada pela falta de liberdade de expressão em Cuba, o que levou a críticas de organizações de direitos humanos e do governo dos EUA
Desafios do lado cubano | Desafios do lado norte-americano | |
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Reforma política | Cuba ainda é uma ditadura de partido único. A falta de reforma política pode levar a resistência interna e externa a uma maior abertura diplomática com os EUA | A administração Trump pode evitar ou revogar as medidas do predecessor, agravando o clima de desconfiança política. |
Infraestrutural | Cuba precisa de grandes investimentos para melhorar a condição da sua infraestrutura e permitir o desenvolvimento de setores importantes como o turismo. | Os EUA ainda aplicam o embargo comercial a Cuba, o que pode limitar as oportunidades de investimento e cooperação entre os dois países |
Além disso, a recente pandemia de coronavírus e o impacto das medidas para conter a sua disseminação podem levar a um agravamento da situação econômica em Cuba, tornando ainda mais relevante a questão de uma nova abordagem diplomática entre os EUA e a ilha caribenha.
Final Thoughts
os últimos dez anos da relação entre Estados Unidos e Cuba revelaram uma dança complexa de avanços e retrocessos, marcada pela promessa de uma abertura diplomática que nunca se concretizou por completo. Com o aumento das tensões políticas e a ascensão de líderes conservadores em ambos os países, o futuro da relação entre EUA e Cuba parece cada vez mais incerto. A presença de Trump no palco geopolítico pode selar o destino desse relacionamento, perpetuando uma dinâmica de confronto que beneficiará poucos e prejudicará muitos. Enquanto isso, o povo cubano continua a esperar por mudanças que possam melhorar sua vida e garantir um futuro mais próspero. Apenas o tempo dirá se a história se repetirá ou se uma nova página será virada na relação entre dois países que compartilham uma história complexa e uma proximidade geográfica que não pode ser ignorada.