Estudos/Pesquisa

A prevalência de infecções por malária varia entre as populações migrantes

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A prevalência de infecções por malária entre migrantes da África Subsariana é consideravelmente elevada (8%), enquanto os migrantes asiáticos e latino-americanos têm uma prevalência muito mais baixa, de acordo com um estudo do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), uma instituição apoiada pela Fundação “la Caixa”. Estas descobertas podem ajudar a informar estratégias de rastreio para combater infecções por malária em populações migrantes.

A malária é frequentemente considerada uma doença tropical, mas uma revisão sistemática liderada pelo ISGlobal lançou luz sobre um aspecto menos conhecido desta doença transmitida por mosquitos: a sua prevalência entre migrantes em áreas não endémicas.

As populações migrantes representam atualmente 10% da população total dos países da UE e muitas delas provêm de regiões onde a malária é endémica. No entanto, como observa Ana Requena, investigadora do ISGlobal, “normalmente não é feito o rastreio dos migrantes que chegam aos países europeus, por isso não sabemos a verdadeira percentagem de infectados com o parasita da malária, especialmente porque muitas das infecções podem ser assintomáticas”.

Para estimar a prevalência dos parasitas da malária nesta população, Requena e a sua equipa pesquisaram em diversas bases de dados estudos realizados na Europa, EUA, Canadá, Austrália ou Nova Zelândia, onde os migrantes tinham sido sistematicamente rastreados quanto à presença de parasitas da malária. Os investigadores excluíram estudos em que as pessoas foram testadas devido a sintomas de malária, uma vez que o seu objectivo era detectar infecções assintomáticas.

Dos 1.819 estudos inicialmente identificados, a revisão incluiu 23 estudos que atenderam aos critérios, com um total de 4.203 participantes testados com PCR, 3.186 com microscopia e 4.698 com testes de diagnóstico rápido (RDTs).

Variações regionais

A prevalência do parasita da malária variou amplamente entre os grupos de migrantes. Os migrantes da África Subsariana tiveram a prevalência mais elevada, com 8,3% de resultados positivos por PCR, 4,3% por RDT e 3,1% por microscopia. A prevalência foi mais elevada entre os provenientes da África Central (9,3% por PCR) e aqueles que chegaram ao país anfitrião no último ano (11,6% por PCR). Em contraste, a prevalência do parasita da malária foi muito mais baixa entre os migrantes asiáticos e latino-americanos (0% e 0,4%, respectivamente, por PCR).

Não é de surpreender que a prevalência do parasita com base na PCR (que é muito mais sensível) tenha sido duas a três vezes superior à detectada por RDT ou microscopia.

Implicações para a saúde pública

Estas conclusões podem ajudar a informar estratégias e directrizes de rastreio para o controlo da malária em populações migrantes. “Ao identificar as populações em risco, as autoridades de saúde podem adaptar melhor as intervenções para prevenir e tratar a malária nestas comunidades, contribuindo, em última análise, para os esforços globais para eliminar esta doença devastadora”, afirma Requena.

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