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Pesquisador da Rutgers co-cria ferramenta para ajudar a identificar surtos e priorizar esforços de controle de vírus – Strong The One

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Até uma em cada cinco mortes por dengue nas Américas ocorre no México, e a taxa de gravidade da doença vem aumentando há décadas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Agora, um pesquisador da Rutgers gerou dados que podem ajudar a conter a doença transmitida por mosquitos no país.

Ubydul Haque, professor assistente de saúde global no Rutgers Global Health Institute, analisou dados do Ministério da Saúde do México para identificar focos de dengue. Trabalhando com epidemiologistas da University of North Texas e da Universidad Autónoma de Nuevo León, a equipe calculou fatores de risco ambientais e socioeconômicos e mapeou áreas onde ocorrem surtos graves.

As conclusões são publicadas na revista Informática Ecológica.

“Esses mapas podem ajudar as autoridades de saúde a direcionar as atividades de nebulização ou melhorar a vigilância”, disse Haque. “Ao saber onde a dengue grave ocorre com frequência, podemos reduzir significativamente o número de casos.”

A dengue foi relatada em 28 dos 32 estados do México, e os pesquisadores sabem há muito tempo que o status socioeconômico e o clima afetam a contagem de casos de dengue nesses estados. Mas os fatores que contribuem para a gravidade da doença não foram estudados.

Trabalhos anteriores também falharam em explicar a distribuição geográfica de variantes ou sorotipos. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue — DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — e a transmissibilidade e a letalidade diferem em cada um.

Para preencher essas lacunas de pesquisa, Haque analisou infecções por dengue confirmadas em laboratório de 71.059 indivíduos em 2.469 municípios mexicanos coletados entre 2012 e 2020. As amostras incluíam classificação de sorotipo.

Esses dados foram sobrepostos com estatísticas meteorológicas e socioeconômicas localizadas, como alfabetização, acesso a serviços de saúde, eletricidade e saneamento.

Como esperado, cada aumento de grau Celsius na temperatura foi associado a taxas mais baixas de ocorrência do vírus – os ovos do mosquito não eclodem bem em altas temperaturas – enquanto o aumento da umidade foi associado a um aumento na taxa de cada sorotipo do vírus.

Além disso, os pesquisadores determinaram que o baixo nível socioeconômico aumenta o risco de dengue, e indicadores como acesso à educação, informação e infraestrutura são melhores fatores preditivos da distribuição da dengue.

A partir desses dados, os pesquisadores produziram mapas de calor destacando a distribuição e a gravidade do vírus da dengue. Hotspots foram geralmente observados em regiões costeiras úmidas em altitudes mais baixas. Em todo o país, o sorotipo mais prevalente foi o DENV-2 e o menos prevalente foi o DENV-4, disse Haque.

Enquanto esforços estão em andamento para desenvolver vacinas específicas contra DENV, programas de controle de mosquitos, como nebulização e vigilância por drones, continuam sendo os meios mais eficazes de retardar a propagação da doença. Haque disse que a visualização de dados pode ajudar as autoridades de saúde a planejar onde direcionar suas atividades.

“A partir de nossos dados, sabemos que o DENV-2 é mais mortal em comparação com outros sorotipos”, disse Haque. “Se as autoridades regionais de saúde tivessem recursos limitados para seu programa de controle, eles poderiam concentrar a maior parte de seus recursos em locais onde o DENV-2 era prevalente”.

A OMS estima que a dengue infecta até 400 milhões de pessoas todos os anos, matando milhares. Com a previsão de que a mudança climática aumentará os casos de dengue no México nas próximas décadas, a vigilância contínua dos padrões de sorotipos será essencial para prevenir ou diminuir a taxa de aumento, disse Haque.

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