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Pesquisadores da Universidade de Aarhus fizeram um avanço significativo ao descobrir que o medicamento 4-OI pode aumentar a eficácia de um agente viral de combate ao câncer. Isso pode levar ao tratamento de cânceres que, de outra forma, seriam resistentes a terapias.
Quando uma célula cancerígena não responde às terapias tradicionais, os médicos podem recorrer a uma espécie de guerra biológica viral, mobilizando “tropas” sob a forma de agentes virais especificamente concebidos para atingir e eliminar as células cancerígenas. O modo de ataque é transformar o tumor em um ambiente imunologicamente “quente”, tornando-o mais visível e reconhecível pelo nosso sistema imunológico.
Agora, pesquisadores do Departamento de Biomedicina da Universidade de Aarhus encontraram uma maneira de tornar uma cepa de agentes virais ainda mais eficaz. E os resultados são inovadores, diz o pesquisador-chefe, Professor Associado David Olagnier:
“Descobrimos que se administrarmos um agente viral específico chamado Vírus da Estomatite Vesicular (VSVD51) junto com um medicamento metabólito chamado 4-octil-itaconato (4-OI), seremos capazes de tratar cânceres considerados resistentes a infecções virais.”
Em outras palavras, ao combinar o medicamento e o agente viral, os pesquisadores conseguiram abrir a porta para possíveis tratamentos para cânceres que foram imunes a quase todos os tratamentos conhecidos, incluindo os agentes virais. Isso ocorre porque alguns cânceres têm sinalização antiviral, o que os permite combater os agentes virais e resistir ao tratamento.
Os resultados são particularmente surpreendentes porque o medicamento 4-OI demonstrou, em outras combinações, ter o efeito completamente oposto em diferentes tipos de vírus. O 4-OI é normalmente antiviral – o que significa que na verdade impediria os vírus em vez de aumentá-los. Mas nesta combinação específica, o 4-OI ajuda os agentes virais que combatem o câncer a funcionar melhor:
“É a combinação do vírus específico e do medicamento que provoca um efeito proviral completamente único, que potencialmente pode ter um impacto significativo nos pacientes afetados pelo cancro que atualmente não conseguimos tratar”, explica David Olagnier.
As novas descobertas são um passo importante em direção a uma nova forma de tratamento e ressaltam a necessidade de trabalhar consistentemente para encontrar novas maneiras de tratar as muitas formas de câncer que enfrentamos, diz David Olagnier:
“O cancro não é uma doença única, mas sim uma centena de doenças com um nome, por isso é crucial que desenvolvamos múltiplas formas de erradicar a doença. A utilização de agentes virais biologicamente activos pode potencialmente ser um factor de mudança para alguns cancros actualmente incuráveis. É por isso que nossas descobertas são muito emocionantes e inovadoras”, explica ele.
Para a equipe de pesquisa, o próximo passo é um teste pré-clínico mais abrangente do uso combinatório de VSVD51 e 4-OI.
“Estamos especialmente interessados em testar essa combinação em tumores que sofreram metástase, que é quando o câncer começou a se espalhar, mas também em tipos líquidos de câncer, como linfomas”, explica David Olagnier.
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