Estudos/Pesquisa

Detecção mais rápida do câncer de pâncreas

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O câncer de pâncreas é uma das formas mais letais de câncer, principalmente porque geralmente é diagnosticado muito tarde. Os marcadores atuais são muito insensíveis e inespecíficos para exames de detecção precoce. No periódico Química Aplicadauma equipe de pesquisa introduziu agora um novo método que pode levar a um diagnóstico significativamente mais preciso e confiável. Ele é baseado na detecção seletiva de anticorpos específicos em amostras de sangue.

Os tumores produzem certas proteínas (antígenos associados a tumores) que chamam a atenção do nosso sistema imunológico constantemente “patrulhando” e desencadeiam uma resposta imunológica. Como consequência, anticorpos direcionados contra os tumores (autoanticorpos associados a tumores) são formados, circulando no sangue em estágios muito iniciais da doença — o que os torna úteis para a detecção precoce. Uma equipe internacional liderada por Roberto Fiammengo e Giovanni Malerba na Universidade de Verona (Itália), bem como Alfredo Martínez no Centro de Pesquisa Biomédica de La Rioja (Logroño, Espanha) e Francisco Corzana na Universidad de La Rioja, desenvolveu agora uma abordagem para testes de diagnóstico para câncer de pâncreas que é baseada na detecção de tais autoanticorpos especiais associados a tumores.

Eles escolheram usar autoanticorpos direcionados contra a forma tumoral associada da mucina-1 (TA-MUC1). A mucina-1 é uma proteína fortemente glicosilada (uma proteína com componentes de açúcar) que ocorre, por exemplo, no tecido glandular. Em muitos tipos de tumores, incluindo câncer pancreático, ela é encontrada em concentrações significativamente elevadas. Além disso, o padrão de glicosilação é diferente da forma normal. O objetivo da equipe era detectar autoanticorpos que são direcionados especificamente contra TA-MUC1 e são um indicador claro de câncer pancreático.

Com base em análises estruturais e simulações de computador de anticorpos conhecidos contra TA-MUC1 (SM3 e 5E5), a equipe projetou uma coleção de glicopeptídeos sintéticos que imitam diferentes segmentos (epítopos) de TA-MUC1. Eles também fizeram modificações não naturais para aumentar as chances de identificar subgrupos de autoanticorpos indicativos da doença. A equipe imobilizou esses antígenos modelo em nanopartículas de ouro, obtendo sondas adequadas para um ensaio sorológico (ensaio dot-blot). O ensaio diagnóstico foi validado com amostras reais de pacientes com câncer de pâncreas e um grupo de controle saudável. Algumas das sondas de nanopartículas conseguiram diferenciar muito bem entre amostras de indivíduos doentes e saudáveis, demonstrando que detectaram autoanticorpos associados a tumores. Notavelmente, esses autoanticorpos específicos exibiram proporções positivas corretas/falso positivas significativamente melhores do que os biomarcadores clínicos atuais para câncer de pâncreas.

Sondas com antígenos glicopeptídicos menores que correspondem a apenas um único epítopo, deram melhores resultados do que sondas maiores que imitam múltiplos epítopos — uma vantagem para uma produção sintética mais fácil. Um glicopeptídeo curto com uma modificação não natural em seu componente de açúcar foi considerado particularmente eficaz para a detecção de autoanticorpos discriminantes. Essa nova abordagem baseada em estrutura pode ajudar na seleção de subgrupos de autoanticorpos com maior especificidade tumoral.

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