Tecnologia Militar

Os EUA estão perdendo a corrida armamentista da inteligência artificial?

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O governo dos EUA, há muito um defensor do avanço da tecnologia para fins militares, vê a inteligência artificial como a chave para a próxima geração de ferramentas de combate.

Vários investimentos recentes e iniciativas do Pentágono mostram que os líderes militares estão preocupados em acompanhar – e à frente – da China e da Rússia, dois países que obtiveram grandes ganhos no desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial. As armas alimentadas por IA incluem sistemas de reconhecimento de alvos, armas guiadas por IA e software de ataque cibernético e defesa cibernética que funciona sem intervenção humana.

A comunidade de defesa dos EUA está a compreender que a IA irá transformar significativamente, se não reinventar completamente, o equilíbrio do poder militar mundial. A preocupação é mais do que militar. À medida que as tecnologias chinesas e russas se tornam mais sofisticadas, ameaçam o domínio dos EUA na inovação e desenvolvimento tecnológico, bem como no poder e influência económica global.

Os líderes militares consideram que a ameaça à liderança tecnológica dos EUA vem de duas fontes principais: uma China em ascensão e ambiciosa e uma Rússia travessa e em declínio. No seu conjunto, estas forças desafiam a estabilidade global.

A natureza da ameaça

Um relatório do Pentágono de 2018 observou que os desenvolvimentos tecnológicos poderiam mudar os tipos de ameaças que os EUA enfrentam, que podem incluir armas espaciais, mísseis balísticos de longo alcance e armas cibernéticas.

Uma análise de Fevereiro de 2019 alertou que os investimentos da China nos seus sistemas militares de IA – em particular, aqueles que apoiam a robótica, a autonomia, as munições de precisão e a guerra cibernética – ameaçam ultrapassar os Estados Unidos. As agências governamentais chinesas estão a trabalhar em estreita colaboração com as empresas civis do país para se manterem a par dos desenvolvimentos tecnológicos em rápida mudança.

Além disso, alguns projectos chineses e russos desenvolveram sistemas militares de IA especificamente destinados ao que consideram ser fraquezas tecnológicas dos EUA. Por exemplo, enxames de drones armados melhorados com IA poderão localizar e atacar os sistemas informáticos seguros dos quais os países dependem para controlar e lançar as suas armas nucleares.

Um enxame de drones pode causar problemas reais para um adversário.

Resposta do Pentágono

Até agora, as acções do Pentágono têm sido em grande parte burocráticas, e não concretas. Lançou um documento estratégico para todo o Departamento de Defesa que articula princípios amplos para o desenvolvimento e uso de IA em guerras futuras. Os militares estabeleceram um Centro Conjunto de Inteligência Artificial, encarregado de acelerar a entrega e adoção de IA.

Mas projetos com nomes como “The Third Offset”, “Project Maven” e “AI Next Campaign” têm financiamento mínimo. Os líderes divulgaram poucos detalhes sobre o que realmente farão.

Trabalhando com o Vale do Silício

O Pentágono também criou a Unidade de Inovação de Defesa, com permissão para contornar o complicado processo de aquisição militar, para coordenar com Silicon Valley e trazer novas tecnologias para uso militar de forma relativamente rápida.

Essa unidade gerou discussões sobre o potencial dos militares chineses adquirirem e utilizarem tecnologias concebidas pelos EUA, o que levou à proibição dos EUA de fazer negócios com muitas empresas tecnológicas chinesas.

Muitos especialistas consideram possível que a China ultrapasse os EUA no desenvolvimento e utilização de IA. No entanto, a China está atrás dos EUA de várias maneiras. Os Estados Unidos têm o maior orçamento de inteligência do mundo; as empresas mais populares de hardware, software e tecnologia; e as mais avançadas capacidades de guerra cibernética, tanto ofensivas como defensivas. Eu e outros especialistas esperamos que estas vantagens preservem a liderança tecnológica dos EUA, pelo menos por enquanto – mas talvez não para sempre.

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