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O novo governo trabalhista do Reino Unido prometeu construir 1,5 milhão de casas durante seu primeiro mandato. Para atingir isso, ele promete uma reforma de planejamento e a reintrodução de metas de moradia local. No entanto, pouca atenção tem sido dada ao papel das novas tecnologias.
Os drones têm o potencial de transformar a indústria da construção no Reino Unido. No entanto, nosso estudo recente no ACM Journal on Responsible Computing revela que as leis que regem a implantação de drones comerciais no Reino Unido continuam conflitantes, caóticas e, às vezes, contraditórias.
Um drone, ou veículo aéreo não tripulado (UAV), é uma máquina voadora controlada remotamente, geralmente equipada com uma câmera de vídeo ou sensores. Na construção, os drones podem monitorar o progresso do local, conduzir inspeções de segurança e até mesmo levantar materiais pesados, com alguns modelos capazes de levantar mais de 20 kg.
Isso os torna uma alternativa viável, mais barata e mais segura aos trabalhadores humanos da construção para certas tarefas. Por exemplo, drones podem reduzir a incidência de trabalhadores que caem de alturas, a principal causa de fatalidades na indústria da construção. Eles também podem reduzir o custo do monitoramento do local à noite e realizar inspeções de segurança em grandes áreas de terra, auxiliando na manutenção de oleodutos de energia e outros projetos de infraestrutura.
Apesar dessas vantagens, a política de drones do Reino Unido é uma colcha de retalhos de estatutos locais, legislação nacional e regras mantidas da União Europeia (UE), criando um cenário confuso para as empresas navegarem.

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Por exemplo, para operar um drone de 250g em uma área urbana movimentada, uma empresa deve registrar o drone, passar por treinamento de piloto, garantir seguro e obter aprovação operacional da Civil Aviation Authority (CAA). Isso envolve designar um plano de voo, conduzir avaliações de risco e concluir outras etapas administrativas.
As empresas devem então considerar a legislação sobre privacidade, dados, assédio (para drones que usam câmeras), ruído e direitos humanos, incluindo a potencial redundância (ou requalificação) de trabalhadores humanos.
Leis específicas também se aplicam a drones na construção, incluindo regulamentações de elevação, leis de saúde e segurança do trabalhador e leis que regem o transporte de vários materiais e substâncias de construção. Algumas dessas leis diferem em nível local, nacional e internacional.
Isso aumenta a carga regulatória sobre as construtoras, tornando mais desafiador operar com eficiência. A papelada para o processo de aprovação da CAA para casos de uso comercial de alto risco pode introduzir atrasos em projetos de construção em larga escala. Atualmente, há transparência mínima sobre quais projetos são aprovados ou negados, deixando as empresas incertas sobre seus investimentos até que a aprovação seja concedida.
Nova estrutura
Nosso estudo propõe a criação de uma nova estrutura nacional para a implantação de drones comerciais, abrangendo todos os benefícios e riscos sob uma única lei. Sugerimos que certos casos de uso, particularmente em áreas regionais, sejam aprovados rapidamente e por padrão, mesmo para drones mais pesados.
Os requisitos de linha de visão – onde os operadores devem manter uma linha de visão com seu drone o tempo todo – devem ser relaxados em áreas perigosas. Isso pode realmente aumentar a segurança do trabalhador ao permitir que os drones operem de forma independente sem exigir que os trabalhadores os sigam em situações perigosas.
Além dos humanos, a lei também deve proteger animais voadores (como pássaros e morcegos) e insetos (como borboletas e abelhas), especialmente aqueles que estão em perigo de extinção.

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O impacto ambiental dos drones precisa ser cuidadosamente avaliado, incluindo o risco de incêndio se os drones estiverem transportando produtos químicos ou outros materiais perigosos.
O governo do Reino Unido deve aproveitar a expertise científica e técnica nacional para produzir guias de instruções, manuais de conformidade e outras ferramentas para agilizar o processo de aprovação.
Esses recursos permitiriam que as melhores práticas proliferassem na indústria. Trajetos de voo prontos para uso, algoritmos e interfaces de programação de aplicativos (APIs) – uma maneira de dois ou mais programas de computador se comunicarem entre si – devem estar disponíveis para que as empresas operem em zonas designadas sem longos processos de documentação.
Devem ser feitos planos básicos para que “elevadores” de drones operem internamente em canteiros de obras, para levantar materiais pesados entre andares.
Leis unificadoras
A legislação nacional poderia agilizar todas as tentativas de mitigar o risco imposto pelos drones em uma única lei unificada. Isso abordaria privacidade, ruído, segurança, preocupações com direitos humanos e meio ambiente de uma só vez.
Isso incluiria o perfil de ruído, para garantir que drones operando em cidades atendam a níveis máximos de ruído específicos. Também abrangeria orientações mais claras para empresas sobre os usos de drones que eram permitidos e aqueles que são proibidos. Uma nova lei de drones para uso comercial também poderia especificar requisitos técnicos, recursos de segurança, protocolos de privacidade e medidas de segurança cibernética para manter hackers fora.
As leis atuais que regem o uso de drones são baseadas na noção de que um humano decide a trajetória do drone. À medida que a IA se torna mais integrada à tomada de decisões e se move em direção à autonomia total, alguma reflexão será necessária sobre a regulamentação da própria IA.
Quem será responsável se um programa de controle não funcionar como pretendido? Que tipo de isenções de responsabilidade são necessárias? Outra consideração é que as técnicas de IA são baseadas em estatísticas sobre dados limitados. Isso significa que elas podem nunca atingir os padrões de segurança ISO que formam referências vitais para a indústria da construção.
Integrar drones na indústria de construção do Reino Unido pode beneficiar significativamente um novo boom imobiliário, fornecendo processos de construção mais baratos, seguros e eficientes. No entanto, o governo deve abraçar essa revolução tecnológica e estabelecer uma política e regulamentação de drones mais robustas para pavimentar o caminho para avanços futuros.
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