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O movimento de protesto pela reforma judicial em Israel levanta o pulso ao governo nesta quinta-feira com o que eles chamam de “Dia de resistência contra a ditadura”, que inclui ações em diferentes partes do país, entre as quais o bloqueio de estradas e uma manifestação no principal aeroporto israelense, Ben Gurion, para tentar impedir que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu voasse a Roma para se encontrar com sua contraparte italiana, Giorgia Meloni. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, encarregado da Polícia, alertou em entrevista ao canal 13 da rede nacional de televisão que não permitirá que “anarquistas bloqueiem o aeroporto”.
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O primeiro-ministro (quase) não tem quem o transporte
A viagem de Netanyahu à Itália nesta quinta-feira foi precedida por uma saga que mostra o alcance do protesto. Nos dias anteriores, a companhia aérea nacional El Al, tradicionalmente encarregada das viagens ao exterior de primeiros-ministros, não encontrou um único piloto disposto a embarcar no Netanyahus (Benjamin e sua esposa, Sara), aparentemente devido a uma rebelião oculta, segundo à mídia local. Normalmente, essas viagens são planejadas com semanas de antecedência, mas aquelas adicionadas posteriormente à programação, como esta, dependem de um piloto voluntário para fazê-lo fora do horário comercial normal.
O gabinete do primeiro-ministro abriu o concurso no passado domingo a outras companhias aéreas nacionais. A vitória foi da El Al e sua diretora-executiva, Dina Ben Tal Ganancia, anunciou que o voo terá pessoal “de acordo com os protocolos da empresa e decolará normalmente na data prevista”. Netanyahu, porém, não voará (como é costume e desejado) em um Boeing 777, mas em um 737, dos quais a companhia aérea tem mais em sua frota e, portanto, mais pilotos treinados para pilotá-los. A Business Class do modelo 777 é maior que a do 737 e possui assentos que reclinam totalmente para funcionar como camas.
Embora a El Al tenha vinculado o incidente à falta de pilotos do modelo 777 após a pandemia, as palavras de Ben Tal Ganancia apontam em outra direção: “Não lançaremos telegrama a nenhum tipo de boicote, muito menos contra o primeiro-ministro da Israel […] É uma grande honra para nós transportar o Primeiro-Ministro em viagens de Estado. É o que sempre fizemos e o que faremos no futuro.”
Soma-se a isso uma publicação no Facebook feita nesta quinta-feira pela tradutora do hebraico para o italiano, Olga Dalia Pádua, na qual afirma ter rejeitado uma oferta para atuar como tradutora de Netanyahu em Roma por considerar sua liderança “extremamente perigosa em tudo relacionado a democracia no Estado de Israel” e, sobretudo, porque -afirma- seus filhos não o perdoariam. “Eles sempre me incentivam a aceitar novos empregos. Mas neste caso eles foram determinados: não cooperamos com aqueles que promovem os princípios fascistas e reprimem a liberdade. […] Resolvi ouvi-los”, conclui a sua resposta à proposta, que divulgou omitindo a identidade do destinatário.
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