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Paulo Guedes: Brasil será protagonista em transição para energia verde

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Painel de Paulo Guedes “Ecossistema de Transição de Energia Verde”Alexandre Battigris

Escrito por Gustavo Basso, co-produzido com iG

O painel “Ecossistema de Transição Energética Verde” promovido pelo Fórum Associação Espacial Brasil-Alemanha começou nesta quarta-feira (13). Com o objetivo de unir autoridades e empresários brasileiros com seus homólogos alemães, o evento, realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, contou com a presença do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, e do governador de SP, Sr. Tarcísio de Freitas (Republicano). ) e Joseph Weiss, vice-cônsul da Alemanha em São Paulo.

Guedes, fundador do grupo, destacou que o Brasil é “culpado” por desempenhar um papel de liderança na segunda transição energética do último quarto de século. O economista afirmou: “A segurança energética da Europa está connosco. Perdemos as duas primeiras revoluções industriais, mas conseguiremos liderar a terceira?”

O ex-ministro Jair Bolsonaro também disse que a pandemia do coronavírus e a guerra na Ucrânia criaram uma divisão geopolítica entre as duas maiores economias. Essa reorganização da cadeia produtiva dá ao Brasil a possibilidade de reindustrialização pelas vantagens que traz.

Para Tarcisio, São Paulo desempenha um papel importante no processo de reindustrialização, combinando a tecnologia alemã com a energia verde brasileira e aproveitando a infraestrutura de Cubatón, por exemplo, para receber esses investimentos.

“Petróleo do futuro”

Nos últimos anos, os esforços globais para substituir os combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, intensificaram-se, e o H2 é visto como um substituto ideal para este processo de “desfossilização” energética.

Segundo a Confederação das Indústrias Nacionais (CNI), o Reino Unido, o Japão, a China e a União Europeia já estabeleceram metas e estratégias ambiciosas para o desenvolvimento de mercados de hidrogénio verde.

O H2 verde, obtido pela eletrólise da água utilizando fontes de energia renováveis, representa uma oportunidade para o Brasil, que já gera quase 83% de sua energia elétrica a partir de fontes renováveis, principalmente hidrelétricas e eólicas. “O mundo precisa do Brasil”, disse Alexander Becker, CEO da siderúrgica GMH Group, que está focada na produção de aço com baixa pegada de carbono. O Sr. Becker explica a posição estratégica do país no momento.

“O mundo precisa urgentemente de hidrogênio limpo, e já temos tudo que o mundo precisa. A energia solar tem o sol, a eólica tem o vento, e há uma quantidade incomparável de energia hidrelétrica. O Brasil está à frente nesses aspectos, porque no nos próximos cinco ou 10 anos nenhum país, nem mesmo a China, será capaz de igualar estes números.” Disse, sublinhando que esta é uma oportunidade para o país ocupar o seu lugar de direito no mundo.

“Investimento São Paulo”

A corrida para produzir hidrogénio já começou em todo o mundo. O Médio Oriente está a considerar o hidrogénio como uma mercadoria para formar a base de novas relações comerciais bilaterais de energia e manter a sua posição como principal fornecedor de energia do mundo. Além disso, de acordo com a CNI, 131 novos projetos de hidrogénio em grande escala foram anunciados desde 2021, com um investimento esperado de aproximadamente 500 mil milhões de dólares até 2030.

Este fórum visa fortalecer esses investimentos com base na parceria entre os dois países. A siderurgia tradicional utiliza carvão extraído e libera quase duas toneladas de CO2 na atmosfera para cada tonelada de aço produzida. Em média, os alemães consomem 400 kg de aço por ano, enquanto os brasileiros consomem 100 kg por ano.

Utilizando fornos eléctricos, a GMH consegue reduzir estas emissões para 400 kg de CO2 por tonelada de aço. E ao produzir no Brasil com energia renovável mais barata, isso pode ser reduzido para 100 kg. No entanto, requer investimento.

Para o governador de São Paulo, Cubatón, cidade da Baixada Santos, é a melhor opção para receber esses investimentos. Segundo estudo realizado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), São Paulo e Rio de Janeiro são os estados com maior probabilidade de produzir biogás, principalmente a partir do bagaço de cana descartado.

“Já tem gasodutos e etanolodutos, ferrovias, usinas, o porto de Santos, rodovias e parques industriais abandonados”, disse ele sobre uma cidade que já foi considerada a mais poluída do mundo, defendeu o governador. . Parte dessa fama se deve à indústria pesada “suja”, como a antiga Cosipa, hoje Uziminas, e as refinarias de Presidente Bernardes.

Quem aposta no bagaço da cana como matéria-prima para uma indústria ecologicamente correta é Klaus Suter, fundador da Verbio, empresa alemã focada nas indústrias química e de combustíveis à base de biomassa. Em seu discurso no Palácio dos Bandeirantes, Souter reiterou sua visão de que o Brasil está no centro desse processo de transformação.

“O Brasil tem a agricultura mais profissionalizada do mundo. O único concorrente nesse nível, os Estados Unidos, tem um inverno de seis meses. metano, a partir do qual o metano é produzido.”Existem inúmeras possibilidades”, diz ele.

Uma dessas possibilidades destacadas é a produção de fertilizantes. O Brasil depende atualmente das importações de fertilizantes da Rússia, seu maior produtor de insumos, que utiliza petróleo como matéria-prima. No entanto, a invasão da Ucrânia criou preocupações sobre este abastecimento, tornando ainda mais urgente a necessidade de desenvolver alternativas.

Isto é algo que a Alemanha já está a fazer no sector da energia. Mesmo antes da guerra, o país já estava preocupado com a sua dependência do gás russo, que representava um terço das suas importações de gás na altura, e esta dependência aumentou depois que a Alemanha decidiu encerrar as suas centrais nucleares. Como resultado da invasão e dos embargos aplicados à Rússia, o gás que chegava à Rússia por navio tornou-se um substituto, aumentando o preço do produto em quase 300%.

Pensando nisso, Souter afirma que “o apoio político é essencial para mudanças dessa natureza e o Brasil precisa provar que tem capacidade para dar esse apoio”.

A próxima reunião do Fórum será realizada na quinta-feira, 14 de setembro, às 12h, na sala de conferências da Aguzzo Cucina Pinheiros, Rua Simão Álvares, 325.

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