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O mundo universitário é internacional, mas enfrenta dificuldades para integrar estudantes de diferentes países. Uma nova pesquisa da Chalmers University of Technology, Suécia, aponta para um método que reduz as lacunas acadêmicas e sociais e aumenta o bem-estar. A receita para o sucesso é trabalhar em duplas — conforme a escolha do professor.
Muitas pesquisas indicam que a integração é um fator decisivo para uma vida estudantil de sucesso, tanto social quanto academicamente, para o indivíduo e para a universidade. Alunos que estão envolvidos em atividades e se sentem conectados com seus colegas podem obter notas mais altas e são mais propensos a continuar estudando. Mas chegar lá é um desafio – especialmente quando se trata de estudantes internacionais. Assim, à medida que as universidades se internacionalizam, a questão torna-se cada vez mais premente.
“Se os alunos podem escolher livremente, eles tendem a cooperar com pessoas do mesmo grupo étnico que eles. A interação entre os alunos é, portanto, marginal e reduz o sentimento de participação e pertencimento com os outros”, diz Becky Bergman, professora sênior e um dos autores do novo estudo que foi realizado durante a pandemia do corona, quando o ensino ocorreu online.
O trabalho em pares reduziu o estresse
Mas o que acontece se os alunos não puderem decidir por si mesmos, mas o professor fornecer condições para quem irá cooperar? Bem, então você vê efeitos muito positivos. “Ficou muito claro que as lacunas acadêmicas e sociais eram superadas quando o professor decidia os pares, porque os alunos eram forçados a lidar com os desafios juntos de uma maneira completamente diferente do que quando escolhiam seus próprios parceiros ou trabalhavam em grupos maiores.”
Aos alunos não faltaram desafios. A carga de trabalho e a forma digital de trabalhar foram duras para muitos, mas afirmaram que trabalhar a dois reduzia o stress que a tarefa implicava, que partilhavam as tarefas de forma justa e que a forma de trabalhar permitia novos contactos pessoais e, em alguns casos, mesmo amizades. Um aluno disse que depois de fazerem suas tarefas, eles “passaram 45 minutos conversando sobre carros. Foi muito divertido!”
“É um resultado muito interessante. Acho difícil ver que esses efeitos positivos ocorreriam sem a orientação do professor, ainda mais porque o curso foi feito online. As duplas foram formadas logo no início do curso, antes de qualquer grupo informal teve tempo para se formar. Acho que isso foi importante”, diz Bergman.
Uma surpresa foi o resultado sobre a comunicação. Ao contrário de pesquisas anteriores mostrando que a comunicação em constelações interculturais é uma barreira, aqui foi exatamente o contrário. Um dos fatores que os alunos mais valorizavam era — boa comunicação.
“Uma explicação pode ser que pesquisas anteriores foram feitas em países de língua inglesa, enquanto em nosso estudo quase ninguém tinha o inglês como língua materna. Isso significa que todos estavam acostumados a falar e entender uma segunda língua.”
Orientação e estrutura importantes para o sucesso
A internacionalização e a competência intercultural são frequentemente enfatizadas como importantes para as universidades e, considerando os resultados do novo estudo, Becky Bergman vê a orientação e a estrutura dos professores como fatores de sucesso para chegar lá. “Sabemos que a integração não acontece por si só e não podemos colocar a responsabilidade sobre os alunos individualmente. Precisamos de orientação do professor e ação estruturada em todos os níveis para que cada aluno possa experimentar participação e pertencimento e possa atingir seu pleno potencial”, diz Bergman. O estudo foi aprofundado com 64 alunos, de 14 nacionalidades diferentes, e suas experiências do curso. Durante oito semanas, eles mantiveram um diário semanal, e alguns dos alunos também foram acompanhados por entrevistas qualitativas.
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