.

Uma obra de arte que representa um elefante em tamanho natural está exposta no centro da capital moçambicana para assinalar o sétimo ano sem caça furtiva na maior área protegida de Moçambique: a Reserva Especial do Niassa.
“Este elefante é a combinação de uma história muito triste da Reserva do Niassa (…) e ao mesmo tempo, esta é a celebração de sete anos sem caça furtiva”, disse a bióloga colombiana Paula Ferro, uma das responsáveis pela iniciativa. , explica à Lusa.
A obra, denominada “Madala”, que significa velho na língua moçambicana Chitshangana, é sustentada por uma estrutura metálica feita com materiais apreendidos de caçadores furtivos ao longo de mais de 25 anos, incluindo armas de fogo e munições.
“As orelhas são feitas de tábuas provenientes do garimpo ilegal (…) Temos facões usados para cortar chifres de elefante, temos armas, munições, pedaços de madeira e até sapatos de caçadores”, afirma o consagrado biólogo. Para projectos de conservação de 18 anos na maior área protegida de Moçambique.
A estrutura metálica, feita por cinco moradores treinados pelo escultor francês Jules Pinel, é acompanhada por um couro de crochê, que também é resultado do trabalho de cerca de 30 mulheres residentes na reserva e formadas no projeto “Yao Crochet”. É uma iniciativa da bióloga colombiana para apoiar as comunidades locais, especialmente as mulheres.
Além de Paula Ferro, a obra, exposta no quintal do Centro Cultural Franco-Moçambique até 3 de outubro, foi desenhada por Derek Littleton, diretor da Fundação Lugenda, organização que apoia as comunidades que vivem dentro ou ao redor da reserva.
Paula Ferro diz que a ideia agora é colocar a obra em leilão e usar o dinheiro para financiar um projecto de escola de artes e ofícios para as comunidades locais.
“Na reserva não há oportunidades de trabalho e as poucas que aparecem são profissões técnicas. Somos obrigados a procurar pessoas de fora e por que não formamos pessoas da comunidade”, questionou o biólogo.
A Reserva Satélite do Niassa, criada em 1960 e localizada no norte do país, é a maior área protegida de Moçambique, com uma área de 42.400 quilómetros quadrados, e alberga a maior população de elefantes de Moçambique.
Segundo dados oficiais, com o aumento da procura de marfim, especialmente em 2008, o número de elefantes na reserva diminuiu de 14 mil para menos de 4 mil, entre 2009 e 2018.
Para travar este declínio, o governo moçambicano e os parceiros de cooperação desenvolveram estratégias para acabar com a caça furtiva, tendo passado sete anos este ano sem registo de um único incidente.
.