News

Viticultores do Douro exigem ação para travar o abandono da vinha

.

Os viticultores durienses exigem medidas como a venda de uvas “a preço justo” e a celebração de um contrato de colheita entre operadores e produtores para atenuar os problemas sentidos na região e travar o abandono desta atividade.

“Estaremos muito focados na questão dos preços justos, que considero fundamental, que as pessoas devem ser pagas pelo seu trabalho de forma decente, e isso permite-nos, em última análise, poder pagar.” Os projetos de lei vêm juntar-se ao trabalho no terreno, afirmou Rui Paredes, presidente da Federação para a Regeneração do Douro (FRD) – Casa do Douro.

Com a aproximação da época das vindimas no Douro, a FRD e a Associação da Lavoura Duriense (ALD) convidaram os viticultores para um encontro que decorreu hoje no Peso da Régua, região de Vila Real. As associações representam o setor produtivo no Conselho Profissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

Na segunda-feira, realizar-se-á mais uma reunião em São João da Pesqueira e o objetivo é recolher contribuições para definir medidas que serão depois enviadas ao Ministério da Agricultura.

Rui Paredes explicou que já estão em curso trabalhos para “determinar o custo da atividade para determinar um preço justo”, procedimento que pretende implementar na próxima época de colheita.

O contrato de colheita que será celebrado entre os operadores e os viticultores, com o objectivo de determinar o preço e a quantidade de uvas vendidas em cada colheita, é outra das propostas.

“Nenhum viticultor pode submeter-se à entrega de uva sem saber o preço a que compra, isso é fundamental e o IVDP tem aqui de ter uma estratégia para controlar também o preço a que o operador e o viticultor chegam a acordo”, sublinhou. .

Rui Paredes disse que 2024 “vai ser preocupante”. Sublinhou: “Se não fizermos nada agora, em 2023, para evitar 2024, penso que veremos a situação piorar, e teremos um êxodo em massa e abandono de actividade e isso não pode acontecer”.

Esta vindima foi marcada por alguma agitação social, pois devido às dificuldades na comercialização do vinho, as grandes empresas não adquiriram ou adquiriram menores quantidades de uva aos produtores.

À saída da reunião, António Amaral, produtor de São João da Pesqueira, disse: “O Douro está um caos”, explicando que muitos produtores venderam “uvas de valor inestimável”.

“Vendia uvas de vinhas velhas ao preço conhecido, mas não de vinhas modernas. Vendia vinhos de mesa por nada”, disse, sublinhando que “o poder de compra do agricultor é cada vez menor” e que “não se pode fique na Estrada do Douro.”

José Pereira, do Alejo, registou este ano uma colheita inferior, pois teve “muito mais despesas” já que a empresa a quem entregou as uvas vai pagar “muito menos” do que no ano passado.

Justina Teixeira, produtora da Misão Frio, disse que este ano foi “um ano muito resiliente na região do Douro”, com problemas de acumulação para os produtores, mas que viu negócios no valor de 30 a 40 milhões de euros por parte das empresas, incluindo aquisições e fusões, e depois não Eles têm dinheiro para comprar uvas dos agricultores. “Isso é inaceitável”, enfatizou.

José Manuel Santos, líder da Liga Antidifamação, apelou a uma “decisão rápida” sobre a recuperação da Casa do Douro, lembrando que o projeto de lei aprovado em março, no Parlamento, passou para a especialização, sem mais novidades ainda.

O projeto de lei repõe a “Casa do Douro” como associação pública de registo obrigatório.

O responsável também defendeu a destilação dos excedentes de vinho da região em aguardente para utilização na produção de vinho do Porto e uma aposta significativa na promoção.

“Não podemos vender se não promovermos”, frisou.

.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo