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Ontem, em Villa Boca de Aguiar, fabricantes de resinas e representantes de empresas ligadas ao sector assistiram a demonstrações de novas tecnologias de extracção de sacos selados que permitirão aumentar o valor da resina e a rentabilidade da actividade.
“Estamos a apresentar técnicas de extração que estão a ser desenvolvidas e que pretendem modernizar e aumentar a eficiência face aos métodos tradicionais”, disse à Lusa Marco Ribeiro, presidente da Associação de Destiladores e Exploradores de Resinas (Resipinus).
Esta é uma das 37 entidades que integram o consórcio que desenvolve o projeto RN21 – Resina Natural 21, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que, entre outros objetivos, quer melhorar a eficiência da recolha de resina. O consórcio é liderado pelo Laboratório Colaborativo ForestWise.
No âmbito deste projeto estão a ser desenvolvidas técnicas de extração de resina, que foram demonstradas num pinhal em Tresminas, Vila Boca de Aguiar, zona de Vila Real.
Marco Ribeiro explicou que os métodos tradicionais são “trabalhosos” e utilizam um recipiente ou saco em sistema aberto, permitindo a perda de impurezas, água e componentes voláteis para as propriedades da resina que tem um valor de mercado significativo.
No novo sistema, a resina é extraída para um recipiente (recipiente plástico) ou saco lacrado. A extração é feita através de um bocal que é colocado no pinheiro, num furo feito com broca com broca.
“Isso nos permite obter menos impurezas, aumentar o valor das matérias-primas e assim trazer maior rentabilidade aos produtores de resina”, explicou.
Entre os aspectos positivos, Marco Ribeiro destacou que poderá ajudar a atrair novas pessoas para o sector, proporcionar mais rendimento aos proprietários de pinhais e disponibilizar mais matéria-prima para a indústria.
“Temos aqui três pontos de vista: melhorar o negócio do produtor de resina, melhorar o cultivo do pinheiro bravo para os proprietários e melhorar o relacionamento com a indústria”, frisou.
A mineração de resina representa um volume de negócios de cerca de 10 milhões de euros por ano em Portugal, com cerca de 500 produtores de resina a cultivar entre 20.000 e 25.000 hectares.
Segundo dados oficiais, existem cerca de 600 mil hectares de pinhais no país. “Estamos a falar de uma margem de crescimento muito grande”, explicou Marco Ribeiro.
Para utilizar estes novos “métodos fechados”, será necessário alterar a legislação, que está atualmente em revisão.
O atual saco de plástico usado, aberto, custa entre três e quatro cêntimos, enquanto um saco com bico, fechado, pode custar entre 15 e 20 cêntimos.
Para Ruy Salgado, dono de uma empresa de resinas sediada em Chaves, este é um investimento que vai dar frutos, porque desta extracção resultará um produto de elevada qualidade, acrescentando que nos sacos actuais, 12% vão para o lixo porque recolhem água ou agulhas de pinheiros.
“Pode ajudar muito. O trabalho que está a ser feito agora deveria ter sido feito há 20 anos. Esta atividade tem de ser modernizada e mecanizada, caso contrário não teremos pessoas para trabalhar”, frisou.
O empresário emprega 11 pessoas e extrai 300 toneladas de resina anualmente.
Teresa Magalhães trabalha na colheita florestal e de resina e acredita que o novo método pode ser benéfico para os trabalhadores.
“Evite o colapso [consiste na remoção da camada superficial de casca] “É muito esforço físico e também faz bem para a qualidade da produção, porque é uma resina que sai limpa e acho que tem outro valor no mercado.”
Mais dois workshops serão realizados este mês em Olleros e Nazaré.
O projeto RN21 estende-se até 2025, com um investimento de 26 milhões de euros e uma subvenção de 17,5 milhões.
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