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O Bispo de Pemba, capital de Cabo Delgado, acredita que “seria uma grande injustiça” para a província não beneficiar dos seus vastos recursos naturais, e defendeu a gestão “ética e imparcial” do Fundo Soberano de Moçambique (FSM ).
“Os recursos estão lá em Moçambique, mas seria uma grande injustiça se as pessoas próximas desses recursos não beneficiassem também deles”, disse hoje António Guliasi.
O bispo de Pemba falava à comunicação social, depois de assumir o cargo de membro da Comissão Fiscalizadora dos Estados Federados da Micronésia, em representação da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), organização dos bispos católicos do país.
Embora tenha defendido a exploração de áreas possuidoras de recursos naturais, António Guliasi destacou que esta prioridade não deve ser foco de conflito no país, porque os activos económicos pertencem a todos os moçambicanos.
O Bispo de Pemba defendeu a necessidade de uma gestão ética, justa e moral das receitas a depositar nos Estados Federados da Micronésia.
“As pessoas esperam que a gestão do FRS sirva todo o povo moçambicano, daí a necessidade de proporcionar ética, integridade e ética”, declarou António Gulyas.
O Bispo elogiou a selecção dos nove membros do Comité de Supervisão do FSM provenientes de vários sectores da sociedade, incluindo igrejas, academia, associações profissionais, sociedade civil e organizações patronais.
“A nossa missão é trabalhar em benefício do povo de Moçambique, especialmente dos mais pobres”, sublinhou.
A Presidente do Conselho da República, Esperanza Bias, que deu posse aos membros do Comité de Supervisão dos Estados Federados da Micronésia, defendeu a importância da gestão transparente das receitas geradas a partir dos recursos naturais em benefício do desenvolvimento social e económico do país.
“O Fundo Soberano de Moçambique é um instrumento de gestão sustentável dos recursos não renováveis, que deverá, entre outros objectivos, acumular poupanças em benefício das gerações actuais e futuras”, sublinhou Pease.
No primeiro semestre do ano, o Estado moçambicano arrecadou 114 milhões de dólares (103,3 milhões de euros) em receitas da exploração de petróleo e gás natural, que foram aplicadas nos novos Estados Federados da Micronésia.
Segundo os dados sobre o equilíbrio económico e social para a execução do Orçamento do Estado de janeiro a junho, do Ministério da Economia e Finanças, a que a Lusa teve hoje acesso, estas receitas incluem 74,1 milhões de dólares (67,2 milhões de euros) de 2022 e 2023 e 39,8 milhões de dólares (36 milhões de euros) do primeiro semestre.
No dia 15 de dezembro, o Parlamento moçambicano aprovou a criação dos Estados Federados da Micronésia com receitas provenientes da exploração de gás natural, que na década de 2040 deverão atingir 6.000 milhões de dólares (5.500 milhões de euros) anuais.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para explorar reservas de gás natural na Bacia do Rovuma, classificada entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projetos são maiores e planejam encaminhar o gás do fundo do mar para a terra, resfriá-lo em uma usina e exportá-lo por via marítima em estado líquido.
Uma delas é liderada pela TotalEnergies (consórcio zona 1) e as obras prosseguiram até serem suspensas por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, quando a energética francesa anunciou que só retomaria as obras quando a zona fosse removido. segurança.
O outro é o investimento ainda a ser anunciado liderado pela ExxonMobil e Eni (Aliança da Área 4).
Um terceiro projeto concluído e de menor dimensão também pertence ao consórcio Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captura e processamento de gás para exportação diretamente no mar, iniciado em novembro de 2022.
A província de Cabo Delgado, que contém as maiores reservas de gás natural do país, é palco de ataques terroristas desde 2017, reivindicados por movimentos ligados ao Estado Islâmico.
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