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Em um estudo publicado em Ciênciapesquisadores do Karolinska Institutet descrevem os processos neurais por trás de como a morfina alivia a dor. Este é um conhecimento valioso porque a droga tem efeitos colaterais muito sérios.
A morfina é um analgésico poderoso que pertence ao grupo dos opioides. Ela bloqueia sinais nas vias da dor e também aumenta os sentimentos de prazer. A morfina atua em várias vias centrais e periféricas da dor no corpo, mas os processos neurais por trás do alívio da dor não foram totalmente compreendidos anteriormente.
Pesquisadores agora investigaram como a morfina alivia a dor usando várias novas abordagens experimentais. Eles expuseram animais de laboratório à morfina e então conseguiram “capturar” os neurônios que a morfina ativou nos animais. Isso permitiu que os pesquisadores identificassem, classificassem e controlassem sinteticamente os neurônios nas vias neurais envolvidas no alívio da dor.
A morfina ativa um ‘conjunto de morfina’
Os pesquisadores descobriram que a morfina afeta um conjunto selecionado de neurônios no cérebro na parte chamada medula ventromedial rostral (RVM). Juntos, esses neurônios formam uma espécie de “conjunto de morfina”. Este é um grupo de neurônios cuja mudança na atividade leva ao alívio da dor.
Quando os pesquisadores inativaram sinteticamente os neurônios neste grupo, eles aboliram completamente os efeitos da morfina na dor. Quando eles reativaram os neurônios, eles foram capazes de recriar similarmente o alívio da dor.
Descobriu-se que um tipo particular de neurônio que se conecta à medula espinhal desempenha um papel central no “conjunto da morfina”. Na medula espinhal, esses neurônios se conectam aos chamados neurônios inibitórios que desaceleram a sinalização da dor na medula espinhal e, assim, previnem a dor.
Medicamento potencialmente arriscado
Quando usada como medicamento na área da saúde, a morfina tem efeitos colaterais potencialmente muito sérios em termos de dependência, abuso, overdose e morte.
“Tem sido difícil encontrar estratégias para tratar a dor sem desencadear esses efeitos colaterais perigosos”, diz Patrik Ernfors, professor do Departamento de Bioquímica Médica e Biofísica do Instituto Karolinska e líder do estudo.
Ele e seus colegas agora esperam que um conhecimento mais profundo de como a morfina funciona no corpo possa ajudar a reduzir os efeitos colaterais no futuro.
“O estudo é importante porque o conhecimento da via neural e das células pode explicar como a morfina pode ter um efeito tão poderoso de alívio da dor. Também pode fornecer informações sobre como esses processos diferem daqueles que induzem a sensação de euforia, bem-estar e vício”, diz Patrik Ernfors.
Na próxima etapa, os pesquisadores querem ir mais longe e investigar as razões pelas quais o alívio da dor diminui cada vez mais com o uso prolongado de morfina.
O estudo foi financiado pelo Conselho Sueco de Pesquisa, pelo Conselho Europeu de Pesquisa e pela Fundação Knut e Alice Wallenberg.
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