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O que é a Internet das Coisas? Um guia com fio

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Quantos engenheiros é preciso trocar uma lâmpada? Depende se a lâmpada está ou não conectada ao Wi-Fi.

Lâmpadas, juntamente com geladeiras, cafeteiras, fornos de microondas, babás eletrônicas, câmeras de segurança, alto-falantes, televisores e termostatos, nas últimas décadas, transformaram-se de objetos comuns em conduítes para o futuro. Incorporados a sensores que veem, ouvem e tocam o mundo ao seu redor, eles podem transformar informações físicas em dados digitais. Coletivamente, esses dispositivos – e existem bilhões deles em todo o mundo – compõem a “internet das coisas”.

Praticamente qualquer coisa com conectividade de rede pertence à internet das coisas. Na “casa inteligente”, esses gadgets habilitados para internet nos libertam de nossas tarefas, nos devolvem um pouco do nosso tempo e adicionam uma pitada de novidade às experiências comuns. (“Alexa, acenda as luzes da discoteca.”) Mas a internet das coisas é mais do que apenas usar sua voz para pré-aquecer o forno ou usar seu telefone para desligar as luzes. A verdadeira promessa da internet das coisas é tornar nosso ambiente físico acessível aos nossos computadores digitais, colocando sensores em tudo no mundo e traduzindo para um formato digital. Objetos conectados à Internet podem ser a chave para desbloquear previsões sobre tudo, desde comportamento do consumidor a eventos climáticos, mas esses mesmos objetos podem convidar hackers para espaços pessoais e vazar dados íntimos. Dependendo de para quem você pergunta, a crescente internet das coisas representa a promessa da tecnologia – a coisa que reinventará a vida moderna como a conhecemos – ou aquilo que será nossa ruína tecnológica.

A história da Internet das Coisas

O sonho de um computador sensorial como peça central da casa inteligente ocupa a imaginação popular há pelo menos meio século. Escritores de ficção científica como Ray Bradbury e programas de televisão como Os Jetsons deu vida à casa automatizada e os inventores começaram a criar protótipos para exposições em todo o mundo, exibindo ideias para casas autolimpantes e móveis que pudessem se mover para seus ocupantes.

O benefício líquido desses aparelhos foi, em sua maior parte, a liberação do trabalho doméstico. Na Exposição Nacional Americana de 1959 em Moscou, a Whirlpool criou uma exposição chamada “Miracle Kitchen” – uma exibição futurista destinada a mostrar como era a vida na América capitalista. Incluía uma lava-louças que limpava a mesa e um proto-Roomba para varrer o chão. “Nos Estados Unidos, gostamos de facilitar a vida das mulheres”, disse Richard Nixon a Nikita Khrushchev, presidente da União Soviética, em um aparente golpe na feira.

A maioria das primeiras invenções de casas inteligentes usava controles automáticos, tornando possível ligar ou desligar algo sem levantar um dedo. Mas eles não se conectavam a mais nada e sua funcionalidade era limitada. Isso começaria a mudar em 1983, quando a ARPANET, a primeira versão da Internet, adotou o conjunto de protocolos da Internet (também conhecido como TCP/IP). O protocolo estabelece padrões de como os dados digitais devem ser transmitidos, roteados e recebidos. Essencialmente, lançou as bases para a internet moderna.

A primeira “coisa” conectada à internet a fazer uso desse novo protocolo foi uma torradeira. John Romkey, engenheiro de software e evangelista da internet, havia construído um para o showfloor de 1990 da Interop, uma feira de computadores. Romkey jogou algumas fatias de pão na torradeira e, usando um computador desajeitado, ligou a torradeira. Ainda levaria uma década para que alguém usasse a expressão “internet das coisas”, mas a torradeira mágica de Romkey mostrava como poderia ser um mundo de coisas conectadas à internet. (É claro que não era totalmente automatizado; uma pessoa ainda tinha que apresentar o pão.) Era parte truque, parte prova de conceito – e totalmente uma prévia do que estava por vir.

O próprio termo “internet das coisas” foi cunhado em 1999, quando Kevin Ashton o colocou em uma apresentação em PowerPoint para a Procter & Gamble. Ashton, que na época trabalhava na otimização da cadeia de suprimentos, descreveu um sistema em que os sensores agiam como os olhos e os ouvidos de um computador – uma maneira totalmente nova de os computadores verem, ouvirem, tocarem e interpretarem o ambiente.

À medida que a internet doméstica se tornou onipresente e o Wi-Fi acelerou, o sonho da casa inteligente começou a parecer mais uma realidade. As empresas começaram a introduzir cada vez mais dessas invenções: cafeteiras “inteligentes” para preparar a xícara perfeita, fornos que assam biscoitos com precisão e geladeiras que reabasteciam automaticamente o leite vencido. O primeiro deles, o refrigerador conectado à internet da LG, chegou ao mercado em 2000. Podia fazer um balanço do conteúdo das prateleiras, contar as datas de validade e, por algum motivo, vinha com um MP3 player. Também custou US$ 20.000. À medida que os sensores se tornaram mais baratos, esses dispositivos conectados à Internet tornaram-se mais acessíveis para mais consumidores. E a invenção de plugues inteligentes, como os feitos pela Belkin, significava que até mesmo objetos comuns poderiam se tornar “inteligentes” – ou, pelo menos, você poderia ligá-los e desligá-los com seu telefone.

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