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Macacos de cauda longa reagem com decepção quando suas expectativas não são atendidas – Strong The One

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Um senso de justiça há muito é considerado puramente humano – mas os animais também reagem com frustração quando são tratados de forma desigual por uma pessoa. Por exemplo, um vídeo bem conhecido mostra macacos jogando o pepino oferecido em seu treinador quando um coespecífico recebe uvas doces como recompensa pela mesma tarefa. Enquanto isso, os pesquisadores observaram reações igualmente frustradas a recompensas injustas em lobos, ratos e corvos. No entanto, os pesquisadores ainda debatem as razões para esse comportamento: a frustração realmente decorre de uma aversão ao tratamento desigual ou há outra explicação?

Em um estudo com macacos de cauda longa (Macaca fascicularis), pesquisadores do Centro Alemão de Primatas – Instituto Leibniz de Pesquisa de Primatas (DPZ) confirmaram uma abordagem explicativa alternativa em um projeto colaborativo envolvendo os Departamentos de Etologia Cognitiva e Neurobiologia. A equipe em torno de Rowan Titchener, estudante de doutorado na Georg-August-Universität Göttingen e pesquisador do Departamento de Etologia Cognitiva do DPZ, mostrou que os macacos de cauda longa rejeitavam uma recompensa inferior com mais frequência se ela fosse selecionada e alocada por uma pessoa. Em contraste, se a recompensa for fornecida por um alimentador automático, eles a aceitam. Os pesquisadores concluíram que os macacos recusam a recompensa por desapontamento social com o experimentador – e não porque sentem que estão em desvantagem em comparação com um coespecífico. (Ciência Aberta da Sociedade Real).

Os seres humanos têm um forte senso de equidade. Se acreditarmos que os recursos estão sendo distribuídos de forma injusta ou incorreta, deixamos isso claro — com protesto. Esse comportamento controlador promove a cooperação bem-sucedida e explica em parte por que a cooperação tem sido uma estratégia vencedora na evolução humana.

Esforço igual, recompensa igual

No entanto, não são apenas os humanos que protestam quando o mesmo desempenho é recompensado de forma diferente sem motivo aparente. Muitos animais também ficam insatisfeitos com uma recompensa que é percebida como comparativamente inferior e reagem de forma frustrada. Os padrões comportamentais característicos podem ser reproduzidos de forma confiável em experimentos em várias espécies de pássaros, roedores e macacos. A interpretação desse comportamento de protesto, por outro lado, é controversa entre os pesquisadores. Se a frustração dos animais decorresse de uma comparação de sua própria recompensa com a de seu coespecífico, isso indicaria uma compreensão abstrata de tratamento igual.

A raiz da decepção

No presente estudo, os pesquisadores testaram três explicações alternativas para o comportamento de protesto após tratamento desigual. A primeira hipótese invoca “aversão à desigualdade” e pressupõe comparação social com coespecíficos e um senso de justiça. Isso se baseia na ideia de que o padrão de recompensas é comparado entre si e os outros para que possa ser percebido como injusto. A segunda hipótese, “expectativa alimentar”, assume a visibilidade do alimento atrativo como desencadeador da frustração. Assim, se uma recompensa de alta qualidade estiver visível, o animal espera recebê-la. A terceira hipótese é baseada na “decepção social” sobre a decisão do treinador de oferecer uma recompensa inferior. Por trás disso está a expectativa de ser recompensado da melhor forma possível pelo humano responsável.

Humano decepcionante

Os resultados do estudo atual em macacos de cauda longa estão de acordo com um estudo publicado anteriormente com chimpanzés. Rowan Titchener, principal autor do estudo, afirma: “Os padrões de resposta dos animais são melhor explicados pela frustração com as decisões do treinador humano. Assim, os resultados atuais falam pela terceira hipótese, baseada no desapontamento social.” Essa interpretação é apoiada principalmente pelo fato de que os macacos de cauda longa aceitavam uma recompensa inferior de um alimentador automático com mais frequência do que de um humano.

Configuração experimental

Os pesquisadores confrontaram os macacos com quatro cenários diferentes no experimento. O procedimento era sempre o mesmo: ao acionamento de uma alavanca seguia-se a recompensa de comida de baixa qualidade, que era trazida ao alcance por uma pequena esteira rolante. Recompensas de alta qualidade foram exibidas, mas permaneceram fora de alcance. O projeto experimental foi variado de duas maneiras: primeiro, ou um ser humano fornecia a recompensa ou era administrada por um alimentador automático; em segundo lugar, o animal estava sozinho ou um coespecífico resolveu a mesma tarefa à vista, mas recebeu recompensas de maior qualidade.

Limpar resultado

Os macacos quase nunca recusaram sua recompensa quando ela foi fornecida pelo alimentador automático – mas o fizeram em mais de 20% dos experimentos em que um humano ofereceu a comida. Esse padrão de comportamento é consistente com a decepção social com o humano que decide dar a ele a recompensa inferior. “Os macacos não têm expectativas sociais de uma máquina de venda automática e, portanto, não ficam desapontados”, explica Titchener.

Stefanie Keupp, líder do estudo no Centro Alemão de Primatas, chega à conclusão: “Uma combinação de desapontamento social com o pesquisador humano e algum grau de competição alimentar explica melhor o comportamento dos macacos de cauda longa em nosso estudo”.

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