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Pietro Bartolo (Lampedusa, 67 anos) é médico. Mas nos últimos 30 anos ele viu mais cadáveres do que o agente funerário médio da cidade. O eurodeputado (do partido centrista Democracia Solidária), durante anos o único médico com cargo permanente na ilha de Lampedusa, serviu durante muito tempo como a última fronteira entre a vida e a morte para milhares de migrantes que chegavam à ilha siciliana. Desde 1991, mais de 300.000 estiveram sob sua supervisão de alguma forma. Mas houve uma virada. Em 3 de outubro de 2013, um barco de pesca, que havia deixado a Líbia algumas horas antes com 518 pessoas a bordo, virou a poucos quilômetros da ilha. Foi um caos, houve descaso no resgate. 366 pessoas morreram e Lampedusa voltou-se para ajudar os sobreviventes. A experiência, porém, mudou o rumo político do lugar e de toda a Itália: marcou a política da década seguinte. Até hoje.
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