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Um juiz libanês que investiga a devastadora explosão no porto de Beirute em 2020 acusou o principal promotor do país, o então primeiro-ministro e outras autoridades de alto escalão em conexão com a explosão, disseram fontes judiciais.
O juiz Tarek Bitar retomou sua investigação, paralisada por cerca de 13 meses, em uma ação surpresa na segunda-feira.
De acordo com uma intimação judicial citada pela Reuters, Bitar acusou o ex-primeiro-ministro Hassan Diab, o ex-ministro do Interior Nouhad Machnouk e o ex-ministro de obras públicas, Ghazi Zeaiter, de homicídio com intenção provável.
O procurador-geral Ghassan Oweidat e os principais funcionários da inteligência Abbas Ibrahim e Tony Saliba também foram acusados no caso de alto perfil.
O juiz Bitar também anunciou que estava convocando pelo menos 13 suspeitos ao longo do mês de fevereiro para interrogatório, incluindo funcionários que ele indiciou, como o ex-primeiro-ministro Diab.
Desde a explosão de agosto de 2020, pouco progresso foi feito na frente de investigação. Acredita-se que a elite dominante do Líbano, famosa pela corrupção, esteja por trás da paralisação da investigação, com Bitar sendo o segundo juiz a presidir a investigação.
O que aconteceu na explosão de Beirute?
Em 4 de agosto de 2020, uma grande explosão abalou a capital do Líbano, matando mais de 200 pessoas e deixando as casas de quase um quarto de seus habitantes inabitáveis.
A explosão deveu-se a centenas de toneladas de nitrato de amónio, armazenadas de forma insegura num armazém do porto em más condições durante anos.
Nenhum funcionário foi responsabilizado pela explosão, embora se acredite que altos funcionários do país tenham sido avisados sobre a presença do nitrato de amônio.
Por que a decisão do investigador é controversa?
Bitar foi forçado a suspender sua investigação por mais de um ano após uma enxurrada de ações judiciais movidas contra ele, principalmente de políticos que ele convocou sob a acusação de negligência.
No final de 2021, juízes se aposentaram de um tribunal que deveria julgar as denúncias apresentadas contra Bitar, paralisando efetivamente a investigação até que fossem substituídos e as denúncias resolvidas.
Ao retomar a investigação na segunda-feira, Bitar argumentou que estava agindo com base em uma interpretação legal que contesta as razões para suspender a investigação em primeiro lugar.
O principal promotor, por sua vez, rejeitou a retomada da investigação. Ele ressaltou que a investigação da Bitar continua suspensa, pois as denúncias feitas contra o juiz ainda não foram analisadas na Justiça.
Espera-se, portanto, que as complexidades legais em torno da retomada da investigação por Bitar afetem o grau em que suas decisões são mantidas.
Há uma semana, Bitar se reuniu com juízes franceses que estavam visitando Beirute como parte de uma investigação francesa sobre a explosão, cujas vítimas incluíam cidadãos franceses.
rmt/nm (AFP, AP, Reuters)
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