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Ilustradora Luisa Nunes revela discriminação contra naturalistas e insetos ameaçados

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A professora académica, investigadora e pintora Luisa Ferreira Nunes tem duas exposições de pintura em São João da Madeira apresentando espécies de escaravelhos ameaçados pelo tráfico e naturalistas pioneiros que foram esquecidos por serem mulheres.

Ambas as exposições integram a programação do 15.º encontro explicativo deste município da área metropolitana de Aveiro e Porto, onde as ilustrações do autor doutor em ecologia de insectos e especialista em entomologia estão disponíveis até domingo nos Paços da Cultura e a partir de segunda-feira. até 14 de dezembro na Torre da Oliva.

“Procurámos diversificar os estilos de pintura entre as nossas 30 exposições”, afirmou Adélia Carvalho, curadora da Bienal, razão pela qual “estas propostas de ilustração científica foram incluídas porque representam um campo de trabalho, embora não tenha muito público. visibilidade.” “É crucial para o ambiente acadêmico e para a disseminação do conhecimento.”

No caso dos chamados insectos jóias, que motivam a exposição “Secret Naturia”, Luisa Ferreira Nunes admite que a macro fotografia fornece mais facilmente a mesma informação que os desenhos, mas não tem o mesmo impacto no público, seja ele especializado ou especializado. especializado. não. .

A autora conta ainda que sua primeira experiência no desenho de invertebrados iridescentes foi no Museu de História Natural de Florença, onde recebia treinamento em coleta de coleções de insetos e não havia entusiasmo com sua proposta de fotografar os exemplares disponíveis. “Fiquei surpreso, mas eles não entenderam a importância da minha proposta e não me deixaram desenhar a não ser fora do horário de trabalho. Quando viram os desenhos, mudaram de ideia e depois me pediram para fazer mais, para manter esse registro. em arquivo.

A diferença está na “habilidade manual e habilidade” que o desenho exige e na observação “cuidadosa” que isso implica. O resultado é um “toque mais humano”, algo intimista que cativa o espectador de uma forma diferente e o torna mais sensível às características das espécies retratadas.

Podem ser nativos da Papua Nova Guiné, Austrália ou Madagáscar, mas um facto que têm em comum é que estão todos “em risco de conservação ou já extintos” – principalmente devido ao tráfego gerado pelos seus exoesqueletos brilhantes, cujos reflexos cobrem uma ampla gama de cores Dependendo da distância da luz, do habitat em que o espécime deseja se camuflar e do predador do qual pretende escapar, algumas sombras são imperceptíveis para alguns animais.

O fascínio que rodeia estes besouros-joia é “porque são tão bonitos” e cada vez mais raros, levando os colecionadores – “que se dizem conservacionistas, mas estão longe disso”, garante o meu professor de entomologia – a contratar pessoas só para experimentar para pegá-los nas florestas.

“É um mercado que vale muito dinheiro”, confirma Luisa Ferreira Nunes. “Nos museus, há um grande respeito pelos insetos gemas – quando secos, cada um pode levar semanas ou meses para ser montado e depois armazenado com fichas em um cofre – mas online, eles estimulam um dos maiores mercados para o tráfico ilegal de vida selvagem. que pagam 20 dólares por um besouro morto.”

Muito menos valor foi dado aos cientistas que, apesar de serem pioneiros na observação de determinadas espécies, eram menosprezados pela sociedade e pela academia da época simplesmente por serem mulheres. São 14 destas exploradoras – homenageadas postumamente pelas inovações que fizeram no estudo da natureza – que a professora do Instituto Politécnico de Castelo Branco homenageia em desenhos recolhidos na exposição “Mulheres da Natureza do Passado”.

Desta lista, Luisa Ferreira Nunes destaca Maria Sibylla Merian, que “viajou sozinha no século XVII pela selva do Suriname, num barco cheio de escravos canavieiros, e foi a primeira pessoa a registar um crocodilo”. Há outros dois fatores que contribuem para o apreço do pintor pelo cientista holandês: “Temos a mesma data de nascimento e ambos aprendemos a desenhar com o nosso pai”.

A portuguesa, que já atravessou o Alasca e quer inspirar os seus alunos a serem igualmente ousados, reconhece que as mulheres ainda hoje enfrentam preconceitos, inclusive nos campi, mas admite que nenhuma delas estará ao nível que Merian enfrentou no seu tempo.

“Quando regressou à Europa, foi vítima de ridículo. Disseram que todos os seus comentários foram fabricados e que ela não perdeu a reputação de mentirosa e não recuperou a credibilidade, o que é uma grande injustiça”, afirma Luisa Ferreira Nunes. , considerando que Merian: “Quando regressou à Europa, foi vítima de ridículo. Ele foi o antecessor de Darwin e Tennyson em temas como a sobrevivência do mais apto e a evolução das espécies.

A holandesa “só passou a ser respeitada quando os homens perceberam o que ela tinha feito”, e para o naturalista português que a inspirou séculos mais tarde, “ainda hoje é doloroso saber”.

Além das exposições “Naturia Secreta” e “Mulheres Naturalistas do Pastado”, Luisa Ferreira Nunes é também autora da agenda ilustrada que o Encontro de Ilustração da Bienal de São João da Madeira apresenta ao público na manhã de domingo.

O diário é o resultado de uma colaboração plurianual com os editores da RVJ e, para 2025, a professora e investigadora escolheu o tema “Gatos Selvagens”, que, segundo ela, resultará num produto que, tal como nos anos anteriores, deverá alcançar “mais vendas nos Estados Unidos do que em Portugal.”

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