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O Provedor de Justiça do governo grego disse quinta-feira que lançará uma investigação independente sobre a forma como a guarda costeira lidou com a tragédia marítima de Junho, onde se teme que centenas de migrantes que tentavam chegar à Europa num barco sobrelotado se tenham afogado.
O órgão independente disse que tomou a decisão após a “recusa explícita” da Guarda Costeira grega em iniciar uma investigação disciplinar em resposta a pedidos escritos do Provedor de Justiça.
O Conselho da Europa, o grupo de direitos humanos mais importante do continente, saudou a medida.
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A Comissária do Conselho para os Direitos Humanos, Dunja Mijatović, disse que uma investigação independente para determinar o que aconteceu e, se necessário, levar à punição dos responsáveis, era “da maior importância”.
“A iniciativa tomada hoje pela Fundação do Provedor de Justiça Grego é uma contribuição muito importante para este esforço”, disse ela num comunicado.
Um tribunal militar da Marinha e da Guarda Costeira gregas está também a realizar uma investigação preliminar ao naufrágio ocorrido em 14 de junho, no qual foram recuperados 104 sobreviventes e 78 corpos.
Acredita-se que cerca de 750 pessoas estavam a bordo do enferrujado navio pesqueiro, a maioria abaixo do convés, quando ele afundou rapidamente durante a noite. Isto tornaria esta uma das piores catástrofes do género no Mediterrâneo.
O tribunal também está considerando uma ação movida por 40 sobreviventes que acusam a Guarda Costeira de não ter evitado o naufrágio e a perda de vidas.
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Ativistas e grupos de direitos humanos criticaram duramente a guarda costeira pela forma como conduziu a operação, apesar de um barco-patrulha ter acompanhado o navio de pesca durante horas e estar presente quando este se afundou em águas profundas, a 72 quilómetros do sudoeste da Grécia.
A Guarda Costeira disse que o naufrágio parece ter ocorrido após um movimento em massa de pessoas a bordo para um lado, virando o navio pesqueiro superlotado. Ela acrescentou que os migrantes, que tentavam atravessar da Líbia para a Itália, já haviam recusado assistência.
Mas alguns sobreviventes disseram que o navio naufragou durante uma tentativa fracassada de rebocá-lo, algo que a Guarda Costeira negou veementemente.
O Provedor de Justiça disse que era necessária “transparência absoluta” sobre a forma como as autoridades gregas conduziram o processo.
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