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Foi alcançado um acordo que pode significar a adoção de um cessar-fogo no leste da República Democrática do Congo, devastado pela violência, já na sexta-feira, disse o ministro das Relações Exteriores de Angola, Tete Antonio.
O Presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, reuniu-se com o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda, Vincent Biruta, em Luanda, na quarta-feira, quando as tensões aumentaram entre os vizinhos devido à violência sangrenta das milícias na fronteira.
O leste da RDC testemunhou combates ferozes nos últimos meses entre as tropas congolesas e o grupo rebelde M23.
Foi alcançado um acordo para um “cessar-fogo imediato” na RDC às 18:00 (16:00 GMT) de sexta-feira, disse Tete após as negociações.
As partes também concordaram em exigir “a retirada imediata dos rebeldes do M23 das áreas ocupadas”, acrescentou.
Os confrontos desencadearam uma disputa diplomática, com a RDC acusando Ruanda de ajudar os rebeldes, algo que seu vizinho muito menor nega.
A Comunidade da África Oriental (EAC), da qual Ruanda é membro, também prometeu enviar uma força conjunta para conter a violência.
Soldados quenianos chegaram à RDC no início deste mês e Uganda diz que em breve enviará cerca de 1.000 soldados.
O presidente da EAC, o presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, e o ex-presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta – o “facilitador” da EAC nos esforços para restaurar a paz e a segurança na região rica em minerais – também estiveram em Luanda.
O presidente de Ruanda, Paul Kagame, não compareceu às negociações por motivos que não ficaram imediatamente claros.
Antes das negociações, os membros do Conselho de Segurança da ONU pediram a suspensão dos combates, a retirada do M23 das áreas ocupadas e o fim de “todo apoio externo a atores armados não estatais, incluindo o M23”.
O M23, uma milícia predominantemente tutsi congolesa, conquistou faixas de território na província de Kivu do Norte, aproximando-se da principal cidade da região, Goma.
A RDC e Ruanda concordaram com um plano de desescalada em julho, mas os confrontos recomeçaram no dia seguinte.
Na terça-feira, Kinshasa disse que não se sentaria para conversar com os rebeldes do M23 até que o grupo se retirasse das áreas que controlava.
O M23 ganhou destaque pela primeira vez há 10 anos, quando capturou Goma, antes de ser expulso e ir para o solo.
Ele ressurgiu no final do ano passado, alegando que a RDC não cumpriu a promessa de integrar seus combatentes ao exército, entre outras queixas.
Ruanda, negando as acusações da RDC contra ela, acusa Kinshasa de conluio com as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR) – um ex-grupo rebelde ruandês Hutu que se estabeleceu na RDC após o genocídio de 1994.
(AFP)
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