Estudos/Pesquisa

Estudo fóssil revela que mudanças no nível do mar moldaram a vida inicial na Terra

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Uma linha do tempo recém-desenvolvida de fósseis de animais primitivos revela uma ligação entre os níveis do mar, mudanças no oxigênio marinho e o surgimento dos primeiros ancestrais dos animais atuais.

O estudo revela pistas sobre as forças que impulsionaram a evolução dos primeiros organismos, dos quais todos os principais grupos animais descendem.

Uma equipe da Universidade de Edimburgo estudou uma compilação de rochas e fósseis do chamado intervalo Ediacarano-Cambriano — uma fatia de tempo de 580-510 milhões de anos atrás. Este período testemunhou uma explosão de biodiversidade de acordo com registros fósseis, cujas causas têm confundido os cientistas desde Charles Darwin.

Os primeiros animais encontrados nessa época eram todos marinhos, numa época em que os níveis de oxigênio no ar e no oceano eram muito mais baixos do que hoje.

Embora as primeiras formas de vida antes dessa época fossem, em sua maioria, organismos unicelulares e multicelulares simples, as criaturas do Período Ediacarano começaram a se tornar mais complexas, com múltiplas células organizadas em planos corporais que lhes permitiam se alimentar, reproduzir e se mover pelo fundo do oceano.

Essa era também marcou o surgimento dos chamados animais bilaterais — que exibem planos corporais simétricos, em comum com a maioria das espécies atuais, incluindo os humanos.

Ao compilar dados de diferentes fontes — incluindo datação radioativa e informações geoquímicas sobre as camadas de rocha nas quais os fósseis foram encontrados — a equipe mapeou todas as principais descobertas de fósseis e vários conjuntos de dados ambientais em uma única linha do tempo.

A nova cronologia permitiu que a equipe estudasse as tendências da biodiversidade no período em questão com mais detalhes do que antes.

Eles combinaram esses insights com outras pistas químicas do registro geológico — confirmando uma ligação entre grandes mudanças nos níveis globais do mar, intervalos em que ambientes marinhos rasos ganharam mais oxigênio e o surgimento e a diversificação dos primeiros grupos de animais.

Essa dinâmica preparou o cenário para diversas explosões significativas na diversidade biológica, conhecidas como conjuntos de Avalon, Mar Branco e Cambriano, cada um marcando a chegada de novos grupos de animais e o declínio de outros.

Ao reconstruir as condições ambientais no tempo mais profundo, o estudo revela novos insights sobre as forças e pressões antigas que moldaram a vida inicial em nosso planeta.

A equipe também identificou lacunas no registro fóssil, sugerindo que o conhecimento atual sobre os primeiros animais é distorcido pelos grupos de locais no mundo todo onde fósseis foram encontrados e estudados.

Dr. Fred Bowyer, da Escola de Geociências da Universidade de Edimburgo, disse: “Construir uma escala de tempo da evolução animal inicial usando o registro de rochas é uma tarefa assustadora, somente possível por meio de pesquisa internacional e interdisciplinar. Mas uma abordagem global integrada é crucial. Ela expõe vieses em nossos registros, ao mesmo tempo em que revela padrões em aparências fósseis, ciclos de nível do mar e oxigênio ambiental.”

Mariana Yilales Agelvis, uma estudante de doutorado na Escola de Geociências que foi coautora do estudo, disse: “Saber o que impulsiona a biodiversidade é uma peça fundamental do conhecimento no quebra-cabeça da vida. Sinto-me muito privilegiada por ter construído décadas de pesquisa global interdisciplinar e contribuído para uma melhor compreensão do papel que o nível do mar desempenha na evolução animal inicial.”

O artigo foi publicado na Science Advances e financiado pelo Natural Environment Research Council (NERC).

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