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Poucas pessoas podem dizer que estiveram mais próximas de todos os presidentes equatorianos dos últimos cem anos do que a família Salazar. Do Amazonas Cabeleireiro, na cave comercial do palácio Carondelet, a residência presidencial, Clara Salazar viu uma mudança de país desde a Plaza Grande, quilómetro zero da capital equatoriana, enquanto o pai cortava o cabelo aos vizinhos. Recorda sobretudo a tranquilidade que se respirava e que sempre havia algum sem noção que se lembrava de cortar o cabelo às oito da noite, com a cidade às escuras. Agora o fechamento é lançado às cinco. Quando o sol começa a se pôr, a praça se esvazia. “As pessoas correm para casa com medo”, explica Salazar enquanto raspa os lados da cabeça de um menino. Do porão da casa do presidente até a última esquina do Equador, a insegurança é o monotema desse país que se acreditava a salvo da violência e que no domingo votará no próximo presidente com medo no corpo.
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