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Desviar córregos e rios para irrigar plantações ou fornecer água potável pode estender significativamente o tempo que os microplásticos passam nas bacias hidrográficas antes de desaguarem em nossos oceanos, revela um novo estudo.
Publicando suas descobertas em Pesquisa de águaum grupo internacional de cientistas liderados pela Universidade de Birmingham, destacam o impacto da gestão da água em termos de desvios de rios para fins de irrigação no transporte de microplásticos.
Esses desvios podem ter um impacto significativo nas estimativas do fluxo do poluente em direção aos nossos oceanos, com a água desviada dos rios dispersando as minúsculas partículas de plástico pelas terras agrícolas, de onde podem ser lançadas de volta em outros cursos de água ou bacias hidrográficas vizinhas.
A equipe de pesquisa estudou dois rios emparelhados no Colorado, Estados Unidos – o Boulder Creek e seu afluente menos urbanizado, South Boulder Creek – avaliando os efeitos da urbanização e desvios de fluxo nos perfis rio abaixo das concentrações locais de microplásticos, bem como cargas microplásticas, indicando o transporte de partículas a jusante ponderado pelo fluxo.
Os pesquisadores descobriram que os padrões de concentração de microplásticos em ambos os rios estavam relacionados ao grau de urbanização da bacia hidrográfica: os dados de ambos os riachos sugerem uma ligação entre a concentração de microplásticos e a urbanização, já que as concentrações de microplásticos em Boulder Creek, com uma bacia hidrográfica mais urbanizada, eram maiores tanto nas águas superficiais quanto nas sedimento do que em South Boulder Creek, e a concentração de microplástico aumentou na direção a jusante ao passar por áreas mais urbanizadas.
A principal autora Anna Kukkola, da Universidade de Birmingham, comentou: “Descobrimos fortes ligações entre o grau de urbanização na bacia hidrográfica e as concentrações observadas de microplásticos no rio, destacando como as atividades humanas resultaram no aumento imediato de microplásticos nesta bacia hidrográfica montanhosa.
“Uma novidade importante deste estudo é a aplicação da abordagem de carregamento que é usada aqui pela primeira vez para a quantificação de fluxos de microplásticos e nos permitiu não apenas identificar fontes de microplásticos, mas também determinar a evolução a jusante dos padrões de transporte de microplásticos e, neste caso também o desvio de microplásticos da bacia hidrográfica.”
O co-autor Rob Runkel, do United States Geological Survey, acrescentou: “Esses resultados para microplásticos são consistentes com nossos resultados para outros elementos derivados de áreas urbanas, como cloreto, onde vemos 3 a 9 vezes mais carga no Boulder mais urbanizado Bacia hidrográfica do córrego.”
Além disso, a equipe internacional descobriu que a magnitude dos desvios de fluxo de ambos os riachos resultou na remoção de grandes quantidades de microplástico de cada riacho e no transporte para fora de sua captação real. Eles mediram a remoção de microplásticos por meio de desvios de fluxo de mais de 500 partículas microplásticas por segundo (ou 1.800.000 por hora) dos dois rios estudados.
Para colocar isso em perspectiva: em 2012, 241 km3 de água foram desviados para fins agrícolas somente na América do Norte com 2.670 km3 tendo sido desviado globalmente. Usando estimativas conservadoras com base no limiar de partícula > 63 µm de seu estudo, os pesquisadores estimaram que isso poderia resultar em cerca de 41 trilhões de partículas microplásticas sendo redistribuídas das redes fluviais para o ambiente terrestre na América do Norte a cada ano, com até 459 trilhões de partículas sendo redistribuídas globalmente.
O coautor e pesquisador principal, professor Stefan Krause, da Universidade de Birmingham, comentou: “A forma como gerenciamos nossos córregos e rios pode ter um impacto substancial no transporte de microplásticos, mas esses efeitos não foram incorporados aos modelos globais que assumem a jusante convergência de fluxos de microplásticos ao longo das redes fluviais. Nossos modelos atuais podem, portanto, subestimar as quantidades e tempos de residência de plásticos mantidos em bacias hidrográficas e superestimar a velocidade com que os microplásticos são transportados para nossos oceanos.”
Embora a avaliação da toxicidade não tenha sido o foco do estudo atual, o coautor Professor Iseult Lynch, da Universidade de Birmingham, observou: “Os resultados deste estudo são altamente relevantes para estimar os impactos ecotoxicológicos nos ambientes e ecossistemas aquáticos e terrestres, com residência terrestre aprimorada vezes, resultando em exposições prolongadas (crônicas).”
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