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O elemento mais abundante na Terra – o sódio – pode ser a chave para os cientistas desenvolverem opioides ou outras drogas com muito menos efeitos colaterais.
Num estudo publicado esta quarta-feira pela Naturezacientistas da USC, da Washington University em St. Louis e da Stanford University demonstraram que, ao ligar quimicamente o fentanil aos bolsões de sódio existentes nos receptores das células nervosas, eles poderiam bloquear os efeitos colaterais nocivos da droga e ainda reduzir a dor.
Mais estudos são necessários, mas os resultados são promissores – não apenas para o desenvolvimento de drogas, mas também para lidar com a crise nacional de dependência e overdose. Quase 70.000 americanos morreram em 2020 de overdose de opioides – a maioria deles do opioide sintético fentanil, de acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Drogas. Na década de 1990, a Food and Drug Administration aprovou o uso de fentanil para aliviar a dor intensa em pacientes com câncer, mas desde então chegou às ruas, piorando a crise nacional de abuso de opioides.
“Na sua forma atual, o fentanil é como uma arma de destruição em massa”, disse Vsevolod Katritch, cientista computacional do Bridge Institute no USC Michelson Center for Convergent Bioscience e autor correspondente do estudo. “Nosso novo trabalho colaborativo sugere que poderíamos redesenhar a droga de forma a converter esse assassino de overdose frequente em um analgésico muito mais benigno, mas ainda eficaz”.
Drogas de todos os tipos são projetadas para atingir certos receptores nas células nervosas conhecidas como GCPRs, ou receptores de proteína G-acoplada, que atuam como transmissores de sinal. Esses receptores são como interruptores que medeiam o efeito pretendido de uma droga no cérebro e no corpo, mas também os efeitos colaterais não intencionais. No caso do fentanil, o analgésico mais potente de todos os opioides, os pacientes podem sofrer dependência e morrer de parada respiratória.
Katritch observou que ele e seus colegas cientistas Ray Stevens e Vadim Cherezov, do Bridge Institute e da USC Dornsife College of Letters, Arts and Sciences, têm observado o potencial do mecanismo do sódio desde que o identificaram pela primeira vez nos receptores de adenosina e opioides. Uma década atrás.
Katritch e seus colaboradores disseram que, embora mais estudos sejam necessários para provar que sua versão menos prejudicial do fentanil funcionará em humanos, os resultados abriram uma nova porta para os cientistas melhorarem potencialmente a segurança dos analgésicos.
“Estamos procurando desesperadamente maneiras de manter os efeitos analgésicos dos opioides, evitando efeitos colaterais perigosos, como dependência e problemas respiratórios, que muitas vezes levam à morte”, disse o autor correspondente Susruta Majumdar, da Universidade de Washington em St. Louis. “Nossa pesquisa ainda está em seus estágios iniciais, mas estamos entusiasmados com seu potencial para levar a medicamentos mais seguros para o alívio da dor”.
Além dos receptores opióides, observou Katritch, este trabalho abre um novo conceito de design molecular para dezenas de outros GPCRs, onde tal conversão funcional em drogas existentes seria desejável.
Fonte da história:
Materiais fornecidos por Universidade do Sul da California. Original escrito por Emily Gersema. Observação: o conteúdo pode ser editado quanto ao estilo e tamanho.
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