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Em um avanço científico emocionante, uma equipe de pesquisadores liderada pelo professor Yehuda Tzfati, do Instituto de Ciências da Vida da Universidade Hebraica, e pelo professor Klaus Kaestner, da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia, apresentou o “Telomouse”. Esta descoberta envolve a mudança de apenas um pequeno bloco de construção num gene de ratos de laboratório comuns. Mus musculuspara fazer com que seus telômeros (nossas capas cromossômicas) se pareçam muito mais com os telômeros dos humanos.
Os telómeros têm uma responsabilidade fundamental na salvaguarda do nosso material genético e na garantia da divisão ordenada das nossas células. Manter a sua integridade estrutural e comprimento ideal tem o potencial de diminuir o risco de cancro e facilitar um processo de envelhecimento mais saudável. No entanto, surgiu um obstáculo significativo: os ratos de laboratório convencionais possuem telómeros aproximadamente cinco vezes mais longos do que os dos humanos. Esta disparidade representou um desafio formidável na utilização de modelos de ratos para compreender as implicações dos telômeros para o envelhecimento humano e o câncer.
No desenvolvimento do modelo Telomouse os pesquisadores voltaram sua atenção para uma espécie distinta de camundongo M. spretus, notável por seus telômeros inerentemente mais curtos. Dentro do código genético destes camundongos, foi identificada uma variação sutil dentro de uma proteína essencial conhecida como RTEL1. Ao transferir esta distinção genética para ratos de laboratório típicos, eles conseguiram produzir uma linhagem de ratos com telómeros de comprimento humano. Esses novos Telomice exibem capacidades robustas de saúde e reprodução, tornando-os um recurso excepcional para investigações aprofundadas nos domínios complexos do envelhecimento e do câncer.
Este estudo ilumina o papel central do RTEL1 como árbitro do comprimento dos telômeros. Uma modificação sutil nesta proteína crucial permitiu aos cientistas criar um modelo de camundongo que se aproximasse do comprimento dos telômeros humanos.
Durante a pesquisa, os pesquisadores também alcançaram um avanço inestimável em nossa capacidade de medir o comprimento de cada telômero e, particularmente, dos telômeros mais curtos da célula, que determinam a função e o destino celular. Eles desenvolveram um novo método para medir o comprimento preciso de telômeros individuais usando uma nova geração de sequenciamento de DNA chamada sequenciamento de nanoporos. Este método, denominado ‘NanoTelSeq’, permite avaliar a ‘saúde telomérica’ em amostras de sangue ou outros tecidos de indivíduos saudáveis, bem como de pacientes com câncer e doenças do envelhecimento, e melhorar o diagnóstico, prognóstico e tratamento desses pacientes.
O professor Yehuda Tzfati, o investigador principal deste empreendimento, postula: “O modelo Telomouse é promissor para enriquecer nossa compreensão do intricado nexo entre os telômeros, o câncer e o processo de envelhecimento. Acredito que o NanoTelSeq substituirá os métodos atualmente usados, permitirá uma avaliação precisa de o estado dos telômeros em pacientes e indivíduos saudáveis, e revelar como isso afeta a saúde humana. Esperamos que tais insights culminem em estratégias inovadoras para combater o câncer e promover o bem-estar dos indivíduos idosos.”
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