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Os chimpanzés usam terrenos elevados para recolher informações sobre grupos rivais e evitar encontros arriscados, de acordo com um estudo publicado na revista Biology por Sylvain Lemoine e colegas do Centro Alemão de Primatas e do Centre National de la Recherche Scientifique, em França.
Os humanos há muito usam as terras altas durante a guerra. Subir para terrenos mais elevados oferece uma vantagem tática – é mais fácil de defender e permite ao grupo reunir informações sobre o tamanho e localização dos grupos inimigos.
Animais não humanos usam colinas para detectar predadores e convocar parceiros, mas não se sabe se também usam terrenos mais elevados para obter informações sobre concorrentes.
Para investigar esta possibilidade, os investigadores observaram os movimentos e comportamento de dois grupos vizinhos de chimpanzés ocidentais (Pan troglodytes verus) no Parque Nacional Taï, na Costa do Marfim, entre 2013 e 2016.
Eles descobriram que os chimpanzés tinham duas vezes mais probabilidade de escalar colinas quando se moviam em direção aos limites do território de um grupo rival do que quando se moviam em direção ao centro do seu território.
Nas colinas próximas à fronteira, os chimpanzés passavam mais tempo descansando – atividade que lhes permitia ouvir os chamados de outros grupos ao mesmo tempo – do que em tarefas barulhentas, como alimentar-se. Depois de descer a colina, o próximo movimento do chimpanzé foi reduzir o risco de encontrar inimigos.
Estes resultados apoiam a hipótese de que os chimpanzés escalam montanhas para recolher informações sobre a presença de grupos concorrentes e para evitar conflitos potencialmente dispendiosos.
O estudo fornece a primeira evidência de que os não-humanos usam características da paisagem taticamente em conflitos com vizinhos. Isto sugere que os chimpanzés utilizam capacidades cognitivas complexas, que podem ter sido favorecidas pela selecção natural devido aos benefícios de defender com sucesso um território, dizem os autores.
“Os chimpanzés podem considerar que informações são conhecidas e o que deve ser adquirido para fazer movimentos de viagem planeados, e agir coletivamente com base nas informações recolhidas de uma forma de baixo risco”, acrescenta Lemoine.
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