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“Se queremos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude.” A frase que o jovem Tancredi diz a seu tio, o príncipe Fabrizio Corbera, no romance o leopardo é o germe de um conceito que os cientistas políticos costumam chamar de gattopardismo. A ideia é tão simples quanto distorcida. De tempos em tempos, o poder deve iniciar uma transformação supostamente revolucionária para que, na prática, apenas a parte superficial das estruturas de poder seja alterada. A coroação de Carlos III, realizada neste sábado, 6 de maio, na Abadia de Westminster, foi um grande exercício de gattopardismo. O rei britânico transformou as aparências da instituição milenar que dirige para que dure mais mil anos.
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