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Santiago, Chile – Força Aérea Brasileira e a Embraer estão iniciando um estudo conjunto para analisar a adaptação de aeronaves já em serviço para realizar missões de inteligência, vigilância e reconhecimento, anunciou a empresa local em 10 de abril.
O chefe da Aeronáutica, general Marcelo Kanitz Damasceno, e o presidente-executivo da Embraer Defesa e Segurança, João Bosco Costa Jr., participaram do anúncio da empresa durante o show aéreo FIDAE, que acontece de 9 a 14 de abril em Santiago, no Chile.
Durante a apresentação, um cenário mostrava um Aeronave de transporte C-390 Millenniumum tipo em serviço no Brasil, rotulado como aeronave de patrulha marítima e portando mísseis antinavio.
A Força Aérea começou a buscar opções para substituir sua aeronave de patrulha marítima P-3AM Orion a partir de 2031, disse uma fonte militar na capital Brasília ao Defense News.
As empresas já parecem interessadas em ganhar um contrato potencial. Além do anúncio da Embraer, a empresa americana Boeing divulgou um comunicado pouco antes do show aéreo que enfatizou sua história no fornecimento de plataformas de defesa para a região.
Na própria feira, Tim Flood, diretor regional sênior da Boeing para desenvolvimento de negócios internacionais na Europa e nas Américas, apontou especificamente o Brasil como o primeiro cliente potencial na região para o P-8, de acordo com um artigo de Janes.
A empresa de defesa francesa Airbus também participou do evento, promovendo sua aeronave turboélice de patrulha marítima C-295. A Força Aérea já opera 10 deles em funções de busca e salvamento marítimo.
“Uma decisão deverá ser tomada até 2026”, disse a fonte militar ao Defense News, falando sob condição de anonimato devido à sensibilidade do tema. “Se a ideia de desenvolver um MPA C-390 for favorecida, não haverá licitação e em breve será concedido um contrato à Embraer.”
“Caso contrário, haverá licitação entre 2026 e 2027. A meta será adquirir no mínimo seis aeronaves, distribuídas em dois lotes, com [the cost] sob as estimativas atuais – se o P-8 ou equivalente for selecionado e encomendado – totalizando US$ 3 bilhões”, acrescentou a fonte. “As entregas das novas AMPs começariam em 2031 e seriam concluídas em 2036.”
Porque agora?
A exploração e o refinamento de reservas substanciais de petróleo e gás natural nas áreas costeiras do Brasil no final da década de 1990 levaram o país a reforçar a sua capacidade de vigilância marítima, com a Marinha e a Força Aérea desempenhando papéis críticos.
No entanto, a frota de patrulha marítima da Força Aérea da época – o pequeno turboélice bimotor Embraer P-95 Bandeirante, uma versão do Embraer C-95 Bandeirante equipado com radar AN/APS-128 montado no nariz – carecia do necessário alcance e resistência, entre outras capacidades.
No início dos anos 2000, o Brasil comprou 12 aeronaves de patrulha marítima P-3A da Marinha dos EUA. A transação foi seguida pela adjudicação de contrato à empresa espanhola CASA, subsidiária da Airbus, para reforma e atualização da aeronave. O plano era modernizar oito deles para se aproximarem mais do P-3C, com o conjunto restante de quatro usado como fonte de peças de reposição. Eles seriam conhecidos como aeronaves P-3AM.
O trabalho levou a um maior alcance e resistência de 16 horas, bem como à instalação de um novo sistema de missão construído em torno do Sistema Tático Totalmente Integrado fabricado pela Airbus. A aeronave também recebeu sensores eletro-ópticos, acústicos e de anomalias magnéticas. Eles também foram integrados aos mísseis anti-navio AGM-84L Harpoon Block II da Boeing.
O P-3AM começou a entrar em serviço em 2011, sendo o último entregue em 2014.
Mas segundo a fonte militar, os custos de manutenção da frota P-3AM aumentaram substancialmente nos últimos anos. Manter a frota P-3AM em funcionamento exigiria “um investimento substancial”, acrescentou a fonte, além de necessitar de sistemas de missão atualizados, aumentando os custos.
Observando que “as plataformas mais antigas também têm limitações para o crescimento da capacidade”, a fonte disse que o Brasil decidiu “adquirir uma nova aeronave com uma vida útil maior e também com uma margem mais ampla para aumentar as capacidades, a fim de atender às necessidades futuras”. Esta abordagem, acrescentou a fonte, seria mais rentável.
“As opções estão sendo exploradas e a ideia de desenvolver uma versão MPA do C-390 é popular, mas ainda não se sabe se é técnica e financeiramente viável. Pode ser necessário trazer outras nações e empresas a bordo, como clientes e parceiros industriais”, disse a fonte militar.
José Higuera é correspondente para a América Latina do Defense News.
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