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O desmatamento ilegal tem sido galopante na Amazônia.
A pressão sobre a União Europeia aumentou na sexta-feira para adiar a proibição de importações de produtos que impulsionam o desmatamento, depois que a Alemanha se tornou o mais recente país a solicitar o adiamento das regras.
Berlim pediu à Comissão Europeia que adiasse a implementação por seis meses, até 1º de julho de 2025, dizendo que a falta de clareza sobre os principais aspectos da lei significava que ainda não havia condições para que ela fosse aplicada de forma eficiente.
“As empresas precisam de tempo suficiente para se preparar”, disse o ministro alemão da Alimentação e Agricultura, Cem Oezdemir.
“Caso contrário, as cadeias de suprimentos correm o risco de se romper no final do ano, em detrimento das economias alemã e europeia, dos pequenos agricultores de países terceiros e dos consumidores.”
As importações da UE são responsáveis por 16% do desmatamento global, de acordo com dados do WWF.
As florestas absorvem carbono e são um aliado vital no combate às mudanças climáticas. Elas também são críticas para a sobrevivência de plantas e animais ameaçados, como orangotangos e gorilas das planícies.
A lei da UE, que entrará em vigor no final de dezembro, proibirá uma ampla gama de produtos — de café a cacau, soja, madeira, óleo de palma, gado, papel para impressão e borracha — se produzidos em terras desmatadas após dezembro de 2020.
Foi saudado por grupos ambientalistas como um grande avanço na luta para proteger a natureza e o clima.
Mas os detratores dizem que isso impõe um fardo pesado aos agricultores e empresas.
O maior grupo do Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu de centro-direita, descreveu-o como um “monstro burocrático”.
Na quinta-feira, o chanceler alemão Olaf Scholz disse que a regulamentação precisava ser “praticável”.
Batalha ambiental
O pedido de Berlim ocorre no contexto das negociações entre a UE e o bloco sul-americano Mercosul para um acordo de livre comércio — um plano defendido pela Alemanha.
Os críticos veem a lei antidesmatamento como um grande obstáculo para se chegar a um acordo.
Fora da UE, o Brasil se tornou o mais recente país a pedir uma reavaliação esta semana.
Ele disse que a legislação “punitiva” aumentou os custos de produção e exportação, especialmente para pequenos agricultores.
Os Estados Unidos, bem como países asiáticos, africanos e outros países latino-americanos levantaram preocupações semelhantes.
No último século, a floresta amazônica, que cobre quase 40% da América do Sul, perdeu cerca de 20% de sua área devido ao desmatamento, devido ao avanço da agricultura e da pecuária, da exploração madeireira e da mineração, e à expansão urbana.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva prometeu acabar com o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030, mas enfrenta uma série de interesses ocultos.
“Sabíamos desde o início que esta é uma batalha que afeta interesses econômicos muito grandes”, disse Pascal Canfin, do grupo centrista Renew do Parlamento Europeu.
A UE importa 15 bilhões de euros (US$ 16,6 bilhões) em matérias-primas agrícolas responsáveis pelo desmatamento — especialmente soja — do Brasil a cada ano, disse ele.
“Esse é precisamente o problema que queremos resolver”, acrescentou.
Outros partidos dentro da UE reclamam que o bloco ainda não esclareceu como as regras funcionarão na prática.
Uma fonte diplomática disse à AFP que as diretrizes de conformidade prometidas pela Comissão Europeia — o braço executivo da UE — ainda estavam pendentes, assim como um sistema de referência claro para dividir os países em diferentes categorias de risco.
Em declarações ao The Financial Times na quinta-feira, a chefe da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, pediu à UE que “reexaminasse” a proibição.
‘Perigo grave’
A UE é o segundo maior mercado de consumo dos produtos visados, depois da China.
As empresas que importam as mercadorias em questão para os 27 países da UE serão responsáveis por rastrear suas cadeias de suprimentos para provar que os produtos não são originários de zonas desmatadas, com base em dados de geolocalização e satélite.
Os países exportadores considerados de alto risco teriam pelo menos nove por cento dos produtos enviados para a UE submetidos a verificações, com a proporção caindo para os de menor risco.
As conversas sobre um atraso têm preocupado grupos ambientalistas.
“No ano passado, o mundo perdeu uma área de floresta quase tão grande quanto a Suíça”, disse Nicole Polsterer, da ONG Fern.
“O debate sobre o adiamento da lei traz o sério perigo de abandoná-la por completo, como alguns estão determinados a fazer”.
Outros grupos de defesa ressaltam que muitas empresas e países já estão bem avançados na tarefa de cumprir as novas regras.
Um adiamento exigiria uma nova iniciativa legislativa da comissão, cuja nova equipe deverá ser revelada na semana que vem, após as eleições europeias em junho.
© 2024 AFP
Citação: Alemanha se junta às críticas à lei antidesmatamento da UE (2024, 13 de setembro) recuperado em 13 de setembro de 2024 de https://phys.org/news/2024-09-germany-criticism-eu-anti-deforestation.html
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