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Em 11 de novembro de 2017, uma menina de treze anos começou a chorar quando descobriu que estava grávida de treze semanas. Camila, como foi decidido chamá-la para proteger sua identidade, nasceu em uma comunidade indígena da serra peruana, no distrito de Huanipaca, Apurímac. O inferno dessa menina de língua quíchua que cresceu em uma casa de barro sem acesso a água e eletricidade não começou naquele dia, mas há muito tempo. Seu pai, o homem que deveria zelar por seu bem-estar e ser uma de suas primeiras referências, a maltratava desde os nove anos de idade. Uma provação que Camila pôde contar à mãe, uma mulher analfabeta e com paralisia da coluna vertebral, naqueles tempos.
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