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Mahmud Hashimi mexe seu café com leite, servido em uma xícara de porcelana. Sentado em um imaculado sofá Chester na recepção do exclusivo hotel Carlton em Antananarivo, capital de Madagascar, nada sugere que esse homem de 38 anos de aparência astuta não deva estar ali. Não está fora de lugar com o ambiente luxuoso deste hotel cinco estrelas, mas não é sua atmosfera. Hashimi (que não quer dar seu nome verdadeiro) não pode pagar os 111 euros por noite porque mal consegue pagar as contas. Mas, mesmo que tivesse dinheiro sobrando, não permitiriam que se registrasse como cliente: ele não tem passaporte e carteira de identidade porque é apátrida. Ele não está listado em nenhum lugar como cidadão de nenhum país do mundo. E nascer sem pátria não é um problema menor: entre outros inconvenientes, não se pode votar, nem aceder a serviços públicos, nem contratos de trabalho, nem abrir conta bancária.
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