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A extrema direita do Brasil planeja seu próprio 6 de janeiro

Telegram não respondeu a um pedido de comentário.

Telegram foi muito usado pelos organizadores do Motim de 6 de janeiro nos EUA. A plataforma não é moderada, com pequenas exceções para conteúdo pornográfico e terrorista, tornando-se um centro para teorias da conspiração e desinformação que podem ser removidas de plataformas como Facebook, Instagram e Twitter.

Muitos desses canais do Telegram são pesquisáveis ​​publicamente e têm milhares de membros que compartilham dezenas de milhares de conteúdos por mês. Muitos se referem ao adversário de Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, como comunista e alegam que qualquer resultado que não favoreça Bolsonaro será fruto de um processo eleitoral corrompido.

Mas O Telegram não funciona no vácuo. “No Brasil, o centro da desinformação não é o Telegram em si, é o YouTube”, afirma Leonardo Nascimento, professor da Universidade Federal da Bahia e pesquisador do Internet Lab. O Telegram, diz ele, é frequentemente usado como um canal para espalhar links para vídeos do YouTube. De acordo com a pesquisa de Nascimento, os vídeos mais populares costumam ser clipes ou entrevistas com o próprio Bolsonaro, compartilhados centenas de vezes em vários grupos. Bolsonaro já questionou a validade das eleições do país muitas vezes, levando até a uma investigação da Polícia Federal sobre suas alegações sobre os sistemas de votação do país.

“De um lado você tem honesto soldados sem qualquer acusação de corrupção. Do outro lado, você tem dois ladrões. Qual você convidaria para entrar na sua casa?” perguntou um vídeo do canal do YouTube PodVoxx que foi recentemente compartilhado em um grupo do Telegram com mais de 15.000 usuários. A pesquisa de Nascimento mostrou que em apenas 90 dias, mais de 300.000 links do YouTube foram compartilhados nos grupos de direita no Brasil que ele monitora.

Segundo pesquisa do Internet Lab, o os links de desinformação mais comuns no Telegram direcionam os usuários para vídeos não listados do YouTube, o que significa que eles não podem ser encontrados ao pesquisar na plataforma e só podem ser acessados ​​por quem tem o URL. Isso dificulta que pessoas de fora encontrem esses links, mas não o próprio YouTube, argumenta Nascimento. “ sabe que esses links estão sendo compartilhados”, diz. Ele também afirma que a plataforma tende a ser mais lenta que Meta ou Twitter quando se trata de remover conteúdo de ódio e extremista.

O porta-voz do YouTube Cauã Taborda diz que não há diferença em suas práticas de moderação para vídeos listados e não listados. Mas Nascimento diz que, como as plataformas impõem políticas de maneira diferente – se é que o fazem – o conteúdo prejudicial pode continuar a circular de uma forma ou de outra. “O problema não é o próprio Twitter, nem o próprio YouTube, nem outras plataformas”, diz Nascimento. “O problema é todo o sistema.”

Reportagem adicional de Priscila Bellini.

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