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Fonte académica revelou esta sexta-feira que a água não é um líquido, mas sim dois líquidos entrelaçados, segundo uma investigação realizada por uma equipa da Universidade de Aveiro, que abre novos horizontes no que diz respeito à dessalinização da água do mar.
Os pesquisadores usaram nanopartículas emissoras de luz para rastrear o movimento das moléculas de água ao redor das nanopartículas à medida que a temperatura do líquido aumentava.
“Observamos dois tipos distintos de movimento, sugerindo que em temperaturas abaixo de 45 graus Celsius, a água alterna entre um estado líquido de baixa densidade (LDL) e um estado líquido de alta densidade (HDL), que é mais comum em água líquida, fazendo com que o movimento das nanopartículas seja mais lento”, afirma Luis Carlos, um dos investigadores da equipa da UA.
“Acima desta temperatura, a água existe principalmente no estado HDL, o que leva a uma movimentação mais rápida das nanopartículas”, acrescenta Luis Carlos.
Ao controlar a proporção relativa das estruturas moleculares de LDL e HDL, os cientistas podem agora influenciar o comportamento da água líquida.
Luis Carlos cita como exemplo um processo de dessalinização mais eficiente no futuro.
“O LDL é 20% menos denso que o HDL, o que afeta a forma como a água se move, o que pode nos ajudar a remover o sal da água do mar de forma mais eficiente”, prevê.
A explicação é que “a água se comporta de maneira ‘camaleônica’, existindo como uma mistura de duas formas: um líquido de baixa densidade (LDL) e um líquido de alta densidade”.
No primeiro, as moléculas são unidas para ocupar um volume maior, enquanto no segundo, um líquido de alta densidade, as moléculas são unidas de forma mais compacta.
A ideia de que a água poderia ser descrita como uma mistura de duas estruturas diferentes de ligações de hidrogênio foi proposta pela primeira vez em 1892 por Wilhelm Röntgen, um físico alemão que recebeu o primeiro Prêmio Nobel de Física em 1901 em reconhecimento à sua descoberta dos raios X, após foi revisitado no final do século XX.
“Embora existam evidências de que estas duas formas de água existem a temperaturas muito baixas, comprová-las à temperatura ambiente tem sido um mistério”, explica Luis Carlos.
Além de Luis Carlos, a equipa de investigação contou com a participação de Fernando Maturi, Ramon Filho e Carlos Brites, todos investigadores do Departamento de Física e do Instituto de Materiais de Aveiro (CICECO), e contou ainda com uma parceria com a Universidade de Singapura e do Harvey Mudd College (EUA).
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