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Os setores da agricultura e do golfe no Algarve utilizaram um total de menos 90 mil metros cúbicos de água em fevereiro do que no mesmo mês de 2023, disse à Lusa o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
“É uma diminuição de 69%, o que é muito importante para as reservas de água e um sinal de que todos estão a fazer um esforço para enfrentar a pior seca de sempre na região”, disse José Pimienta Machado.
Na mesma linha da agricultura e do golfe, o sector urbano também reduziu o consumo de água em 0,5% em Fevereiro, mas ainda abaixo dos 15% contidos nas medidas de emergência propostas pela Comissão da Seca e aprovadas pelo governo.
Quanto à rega agrícola, a autarquia fixou uma redução de consumo de 25% e de 18% para a rega de campos de golfe.
Para o presidente da APA, a diminuição do consumo nestes setores mostra que “as medidas estão a funcionar, num esforço de todos os setores” em conjunto.
Ele ressaltou: “É verdade que em janeiro e fevereiro não há rega, mas, apesar disso, está sendo feito um grande esforço a um ritmo muito encorajador e importante”.
Acrescentou que para Pimenta Machado o consumo em Fevereiro em todos os sectores – urbano, turístico e agrícola – reflecte “a grande cooperação, trabalho de equipa e empenho para enfrentar este grande desafio”.
Salientou: “É verdade que alguns procedimentos estão em fase de implementação, mas é necessário reorganizar e planear, porque existem outros procedimentos que têm alguma complexidade técnica e exigem um esforço maior para os implementar”.
Para avaliar as medidas actualmente em vigor e determinar quais as futuras medidas a implementar, está prevista a realização em Meados de março.
A reunião visa ainda definir o modelo de governação dos cinco grupos de trabalho técnicos especializados (GT): GT1 – Agricultura e Golfe; GT2-Turismo; GT3-Baixa Gestão de Águas; Campanhas de sensibilização GT4 e inspeção GT5.
Dada a grave seca que a região do Algarve enfrenta e para sensibilizar a população para a importância de poupar água, a Agência Portuguesa do Ambiente irá lançar em breve o Portal da Seca, uma aplicação informática.
Salientou que se trata de “uma aplicação que visa educar todos os cidadãos sobre as reservas de água nas albufeiras e o seu consumo nos diversos sectores, e alertá-los para comportamentos mais sustentáveis”.
Através da aplicação, os cidadãos podem monitorizar e acompanhar a evolução atual do consumo nos vários concelhos, bem como dos reservatórios e reservas de água subterrânea.
“Basicamente, ajuda-nos a monitorizar o consumo e a perceber se estamos ou não a atingir o objetivo de redução do consumo de água”, concluiu.
A região do Algarve está em alerta de seca desde 5 de fevereiro, e o governo aprovou um conjunto de medidas de restrição ao consumo, nomeadamente um corte de 15% no setor urbano, incluindo o turismo, e um corte de 25% na agricultura.
Além destas medidas, existem outras medidas como o combate às perdas nas redes de abastecimento, a utilização de água tratada para irrigação de espaços verdes, ruas e campos de golfe, ou a suspensão da atribuição de títulos de propriedade para exploração de recursos hídricos.
O governo já reconheceu o aumento do nível de restrições, declarando estado de emergência ou desastre ambiental, se as medidas agora em vigor forem insuficientes para resolver a escassez de água na região.
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