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Os EUA cobrirão os custos de repatriação de migrantes que entrarem ilegalmente no Panamá, segundo um acordo firmado com o novo presidente do país centro-americano, que prometeu fechar o traiçoeiro Darién Gap, usado por pessoas que viajam para o norte, em direção aos Estados Unidos.
Em seu primeiro discurso como presidente, José Raúl Mulino prometeu buscar assistência internacional para encontrar soluções para o que ele descreveu como uma custosa “crise humanitária e ambiental”.
No ano passado, um recorde de 520.000 migrantes arriscaram suas vidas, muitas vezes nas mãos de traficantes de pessoas, para atravessar o Darién Gap, uma densa selva na fronteira do Panamá com a Colômbia.
“Não podemos continuar a financiar os custos económicos e sociais que a imigração ilegal em massa gera para o país, juntamente com a consequente ligação de organizações criminosas internacionais”, disse Mulino.
Minutos depois, o novo ministro das Relações Exteriores de Mulino assinou um memorando de entendimento com o governo dos EUA para “permitir o fechamento da passagem de imigrantes ilegais pelo Darién”, disse o governo do Panamá em um comunicado.
O acordo, assinado pelo secretário de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, que compareceu à posse de Mulino, fará com que os EUA concordem em “cobrir” os custos de repatriação de migrantes que entram ilegalmente no Panamá.
O acordo foi elaborado para reduzir o número de migrantes “contrabandeados pelo Darién, geralmente a caminho dos Estados Unidos”, disse um porta-voz do conselho de segurança nacional da Casa Branca em um comunicado.
Os esforços para enviar alguns migrantes de volta às suas terras natais “ajudarão a deter a migração irregular na região e na nossa fronteira sul, e deterão o enriquecimento de redes malignas de contrabando que se aproveitam de migrantes vulneráveis”, disse o porta-voz.
Segundo os termos do acordo, as equipes de segurança interna dos EUA no Panamá ajudariam o governo a treinar pessoal e desenvolver sua própria expertise e capacidade para determinar quais migrantes, segundo as leis de imigração do Panamá, poderiam ser removidos do país, de acordo com dois altos funcionários do governo.
Para os migrantes que serão removidos, os EUA pagariam por voos fretados ou passagens aéreas comerciais para que eles retornassem aos seus países de origem.
O Darién Gap se tornou uma espécie de superestrada para migrantes de todo o hemisfério sul e de outros lugares que tentam chegar aos EUA.
Mais de 190.000 pessoas já o cruzaram até agora em 2024, sendo a maioria migrantes da Venezuela, Equador, Colômbia e China.
O governo Biden tem lutado para mostrar aos eleitores durante um ano eleitoral que tem controle sobre imigração e segurança de fronteira. O ex-presidente Donald Trump, que fez da imigração uma questão-chave do ano eleitoral, criticou Biden, dizendo que ele é responsável pelos problemas na fronteira.
Na segunda-feira, dados mostraram que as travessias sem documentos na fronteira sul dos EUA caíram para o menor nível em três anos, marcando o menor nível na presidência de Joe Biden, pouco tempo depois de ele ter assinado uma polêmica ordem executiva limitando a imigração para lá em junho.
A Reuters e a Associated Press contribuíram para esta reportagem
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