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Investigadores, autarcas e técnicos ambientais consideram que as algas invasoras que surgem na costa portuguesa têm “potencial orgânico” que pode ser avaliado através da sua utilização e aplicação em diversos domínios económicos.
A reutilização sustentável de Rugoloptery Okamurae, uma alga castanha invasora originária do leste e que nos últimos anos tem aparecido repetidamente na costa portuguesa, esteve em discussão na quarta-feira na cidade de Lagos, na região de Faro, na conferência “Algas invasoras espécies: o desafio para as praias.”
A iniciativa, promovida pela Associação de Limpeza Urbana (ALU), reuniu autarcas, investigadores e entidades ligadas ao ambiente, em busca de soluções que possam transformar “o problema da invasão de algas numa oportunidade de aproveitamento de recursos úteis”.
“Estamos a falar da biomassa como um potencial orgânico interessante, da fibra utilizada na indústria têxtil, na alimentação do gado ou para outros tipos de utilizações como a biotecnologia, a biomedicina”, disse aos jornalistas o presidente da ALU.
Segundo Luís Miguel Cabão, as algas “podem ter diferentes utilizações e ser um ativo económico”, pelo que há necessidade de encontrar soluções para a sua utilização e soluções para as autoridades locais resolverem o problema.
Salientou que “estas algas invasoras que aparecem no litoral afectam muito a qualidade das praias e constituem um problema para os municípios”.
Luís Miguel Cabão disse que a iniciativa de discutir o problema “é criar um centro de discussão para aproveitar esses problemas, resolvê-los e transformá-los numa oportunidade”.
Neste evento participou uma empresa portuguesa que desenvolveu uma tecnologia de vácuo que recolhe algas na coluna de água e evita que cheguem à areia.
Francisco Machado, biólogo e um dos supervisores do projeto, afirmou: “Varrer o mar evita acidentes e a capacidade de intervir e saber quando e onde agir”.
A discussão decorreu em Lagos, concelho algarvio cujas praias têm sido invadidas por algas castanhas nos últimos anos.
Segundo o presidente da Câmara de Lagos, Hugo Pereira, o município lacobregense “gastou mais de 100 mil euros em 2023, e estima o número total de criaturas marinhas recolhidas em cerca de sete mil toneladas”.
“São necessárias soluções com benefícios diretos para a sustentabilidade e economia dos municípios, mas precisamos de contar com o apoio governamental para resolver o problema”, concluiu.
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