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O Brasil manteve contradições na política energética e abusos policiais

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A Human Rights Watch (HRW) disse que o Brasil continuou a registar abusos policiais e violência de género em 2024, e que manteve inconsistências na política energética, conclusões que fazem parte do Relatório Mundial dos Direitos Humanos, divulgado ontem.

Segundo a ONG, embora o governo liderado pelo Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tenha avançado na agenda ambiental, o país ainda precisa de estabelecer mecanismos fortes de conservação florestal e uma política clara de transição energética para conter as alterações climáticas.

“As inundações, secas e incêndios devastadores que devastaram o Brasil em 2024 são um lembrete do custo ambiental e dos direitos humanos dos eventos climáticos extremos exacerbados pelas mudanças climáticas”, sublinhou Cesar Muñoz, diretor da Human Rights Watch no Brasil.

“O governo Lula [da Silva] O mesmo analista acrescentou: “Fez progressos na redução da taxa de desflorestação na região Amazónica, mas ao mesmo tempo está a planear enormes investimentos na exploração e produção de petróleo e gás, o que agravaria a crise climática global”.

O meio ambiente é um dos pontos centrais da agenda interna e externa do Brasil, que defende a preservação da região amazônica e o investimento em uma economia sustentável, mas ao mesmo tempo é incoerente porque também pretende investir cerca de 288 bilhões de reais (46,3 bilhões de reais ). mil milhões de euros) de combustíveis fósseis até 2026, incluindo novos planos para a exploração de petróleo e gás na bacia do estuário do Amazonas.

Segundo a ONG, “tal produção contribuiria para as emissões de gases de efeito estufa, independentemente de os combustíveis fósseis serem queimados no Brasil ou no exterior”, o que questiona o papel de liderança que o país pretende promover na conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. (COP30), que será realizada na cidade brasileira de Belém em novembro.

“O governo Lula deve fazer a sua parte para reduzir o impacto devastador das mudanças climáticas nas pessoas e comunidades, iniciar imediatamente a eliminação gradual e equitativa dos combustíveis fósseis e expandir as proteções para as florestas e as pessoas que dependem delas para sobreviver.” Ele se referiu à Human Rights Watch.

A organização destacou no relatório que o Brasil resiste à implementação de regulamentações europeias que incentivam cadeias de abastecimento totalmente rastreáveis.

A Human Rights Watch observou que o país deveria “cooperar com os órgãos reguladores europeus e implementar um sistema de rastreamento para o gado e outros produtos agrícolas” para reduzir os incentivos económicos que contribuem para a destruição da Amazónia.

Em relação à redução do desmatamento, a ONG reconheceu que o Brasil conseguiu reduzir a destruição da Amazônia em 31% entre agosto de 2023 e julho de 2024, mas os incêndios intensificados pela seca queimaram pelo menos 29 milhões de hectares de floresta e outra vegetação em todo o país. Entre janeiro e novembro do ano passado.

Além das contradições na agenda ambiental, outros problemas crônicos continuaram ao longo de 2024 a impactar os direitos humanos no Brasil, como o abuso policial e a violência de gênero.

Em setembro de 2024, um relatório da Human Rights Watch descobriu que a polícia brasileira havia matado 4.565 pessoas. A organização sublinhou que “embora alguns assassinatos cometidos pela polícia sejam em legítima defesa, muitos resultam do uso ilegal da força”.

Em relação à violência de gênero, chamou a atenção o fato de que de janeiro a setembro do ano passado cerca de 3.060 mulheres e meninas brasileiras foram assassinadas, segundo dados coletados pela Human Rights Watch.

Quase 51.400 estupros de mulheres e meninas foram relatados no mesmo período.

A organização também citou uma pesquisa nacional publicada no Brasil em 2024, na qual quase metade das mulheres disse ter sido exposta à violência doméstica.

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