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Às vezes, os patógenos de plantas mais específicos têm o maior impacto. Esse é o caso da indústria cítrica da Flórida, que teve uma queda de 70% em sua produção de laranja desde a introdução do Huanglongbing (esverdeamento dos citros) em 2005. Essa doença é causada pela bactéria Candidato Liberibacter asiaticus, que se espalha através de um inseto voador – ao contrário da maioria dos patógenos de plantas bacterianas. Quando o inseto se alimenta da seiva açucarada de uma planta, ele deposita a bactéria nas veias da planta, diretamente no floema, o que permite que a bactéria siga essa via de transporte por toda a planta.
Um parente próximo do patógeno do esverdeamento cítrico, Candidato Liberibacter solanacearum (CLso), é um novo patógeno emergente de tomate e batata. Como essa bactéria não consegue sobreviver fora de seus hospedeiros, muito pouco se sabe sobre ela, inclusive como causa doenças. Um estudo recente liderado por Paola Reyes Caldas, da Universidade da Califórnia, em Davis, descobriu e caracterizou proteínas secretadas pelo patógeno CLso. Essas proteínas, chamadas efetoras, oferecem pistas sobre as táticas de manipulação que essa bactéria usa para subjugar sua planta hospedeira.
Recentemente publicado em Interações moleculares planta-micróbio, o estudo descobriu que esses efetores podem estar presentes tanto na planta quanto no inseto hospedeiro. Uma vez dentro da planta, esses efetores podem atingir várias partes da célula, como o icônico cloroplasto, que são essenciais para a planta realizar a fotossíntese. Além disso, esses efetores são móveis, pois podem viajar de uma célula vegetal para outra. O autor correspondente Gitta Coaker comenta: “Esses efetores também podem se mover de célula para célula, o que poderia explicar como Liberibacter pode manipular a planta enquanto permanece restrito ao floema. Ao contrário dos efetores de bactérias colonizadoras de folhas cultiváveis, a maioria dos efetores de Liberibacter não suprime a planta respostas imunológicas, indicando que eles possuem atividades únicas”.
Ainda não se sabe se essas atividades únicas alteram o ambiente do floema ou a atratividade do inseto para facilitar a disseminação do patógeno, mas esta pesquisa oferece um ponto de partida empolgante para desvendar essa doença complexa. Uma vez identificados os alvos desses efetores, a engenharia genética dessas culturas importantes para evitar a manipulação pode ser uma solução frutífera para o manejo dessas doenças.
Fonte da história:
Materiais fornecidos por Sociedade Americana de Fitopatologia. Observação: o conteúdo pode ser editado quanto ao estilo e tamanho.
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