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Um novo estudo da Universidade de Lund, na Suécia, mostra que a capacidade dos microorganismos de se adaptar ao aquecimento climático diminuirá o aquecimento global ao armazenar carbono no solo.
No estudo, os pesquisadores coletaram amostras de solo de toda a Europa em uma ampla gama de temperaturas, de 3,1 a 18,3 graus Celsius negativos. As amostras revelaram que os microrganismos nos solos – como bactérias e fungos – são fortemente adaptados ao clima local quando se trata de crescimento e respiração. No entanto, os pesquisadores demonstraram surpreendentemente que os microorganismos podem se adaptar às mudanças de temperatura. Os organismos podem até se beneficiar dessas mudanças.
“Apesar de décadas de reflexão científica, os pesquisadores não conseguiram determinar se os microrganismos podem se adaptar ao aquecimento, e se o fazem. Agora podemos confirmar que é esse o caso e que os organismos podem realmente mitigar o aquecimento climático”, diz Carla Cruz Paredes, pesquisador de biologia da Universidade de Lund.
O novo estudo, publicado na revista científica Microbiologia Aplicada e Ambiental, também revela que grupos de microrganismos reagem de forma diferente ao aquecimento. Bactérias e fungos diferem em sua sensibilidade às mudanças de temperatura, sendo as bactérias mais sensíveis que os fungos. Além disso, o crescimento microbiano é mais sensível às mudanças de temperatura do que a respiração. Essas diferenças na sensibilidade à temperatura têm implicações importantes para previsões de futuras perdas e armazenamento de carbono, bem como de como o solo é afetado pelo aquecimento climático.
“O resultado dessas diferentes sensibilidades ao crescimento e à respiração em diferentes temperaturas, e entre bactérias e fungos, impactará o balanço de carbono entre o solo e a atmosfera e, portanto, o feedback do solo sobre o aquecimento climático”, diz Carla Cruz Paredes.
O estudo destaca a importância de representar com precisão as respostas microbianas ao aquecimento climático em modelos de teor de carbono no solo. A pesquisa também mostra que as respostas ecológicas dos microorganismos da Terra terão um papel fundamental na regulação do clima do planeta.
“O aquecimento climático é uma das maiores ameaças ao nosso meio ambiente. Para mitigar o aquecimento global, é necessário aumentar a capacidade do solo de armazenar ou sequestrar carbono e reduzir as emissões de carbono na atmosfera. Este estudo é um passo à frente no fornecimento de melhores previsões para as avaliações do painel climático da ONU”, diz Carla Cruz Paredes.
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