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A repressão do Brasil contra sites piratas, serviços de IPTV, aplicativos infratores e outros mecanismos que fornecem conteúdo ilegal para as massas continua avançando.
Na sequência de operações semelhantes em anos anteriores, incluindo ações relatadas em agosto de 2022, uma nova fase da iniciativa antipirataria ‘Operação 404’ do Brasil foi anunciada na terça-feira.
Operação 404.5 – Fase 5
O lançamento da 5ª fase da Operação 404 é descrito pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) como uma “mobilização internacional” coordenada pelo MJSP, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), com apoio da polícia em oito estados.
“O objetivo é a remoção de conteúdo de áudio e vídeo, como jogos e músicas, bloqueio e suspensão de sites e aplicativos ilegais de streaming, desindexação de conteúdo em mecanismos de busca e remoção de perfis e páginas em redes sociais”, um comunicado do MJSP lê.
“Nesta 5ª fase, onze pessoas foram presas: quatro em São Paulo, duas no Paraná, uma na Bahia e quatro em Minas Gerais”, informa o ministério.
Mandados de busca e apreensão para localizar equipamentos de informática foram cumpridos nos estados de Pernambuco, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro.
“199 sites ilegais de streaming e jogos e 63 aplicativos de música também foram removidos, além de bloquear 128 domínios”, diz o ministério.
Um total de seis “canais de aplicativos de mensagens” com mais de 4.000 assinantes também foram bloqueados, supostamente por distribuir música que não havia sido lançada oficialmente.
Cooperação internacional
A operação local recebeu significativo apoio internacional. As autoridades dizem que colaboraram com a Unidade de Crimes de Propriedade Intelectual da Polícia do Reino Unido e a Embaixada Britânica, a agência peruana de proteção à propriedade intelectual INDECOPI, a MPA latino-americana, o grupo antipirataria Alianza e o grupo norte-americano Entertainment Software Alliance (ESA).
O Strong The One obteve o que parece ser um aviso direcionado aos visitantes de sites e domínios apreendidos. Além dos grupos listados acima, revela a participação do Escritório de Propriedade Intelectual do Reino Unido, da Alliance for Creativity and Entertainment, do grupo brasileiro da indústria musical APDIF e do grupo global da indústria musical IFPI.

Segundo os últimos números, a Operação 404 já levou ao bloqueio de 1.974 sites e 783 aplicativos desde seu início em 2019. Os nomes dos sites e aplicativos nunca são mencionados em materiais divulgados ao público.
Durante entrevista coletiva do Ministério da Justiça na terça-feira, houve um claro esforço para associar sites piratas a malware e uma “certeza” de que pessoas que baixam músicas ou assistem a streams piratas terão suas informações privadas expostas.
Isso levou a um inesperado momento de humor negro (e rostos preocupados) quando um jornalista de repente mencionou uma reportagem da Globo contendo alegações de que o Brasil operava um sistema secreto capaz de monitorar a localização de até 10.000 pessoas simplesmente digitando seus números de telefone.

Foco em serviços de TV pirata
Uma área de foco principal para as autoridades brasileiras é o mercado ilegal de TV, abrangendo serviços piratas de IPTV, sites de streaming ilegais e a enxurrada de decodificadores que saturaram o mercado local.
Em um anúncio no final de dezembro de 2022, a Agência Nacional do Cinema (ANCINE) revelou uma “reformulação” de suas operações antipirataria. Citando atividades sobrepostas que correm o risco de entrar em áreas de competência da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), a ANCINE disse que vai “se afastar” das ações voltadas para o mercado de pirataria de TV.
Seguindo adiante, a ANCINE disse que seu foco seria a proteção de obras audiovisuais produzidas localmente. Como resultado, a cooperação técnica com a Motion Picture Association na América Latina chegaria ao fim.
O envolvimento da MPA na 5ª fase da Operação 404 sugere que a cooperação geral continuou.
No início deste ano, a ANATEL disse que seu trabalho para interromper o mercado de TV pirata continuaria usando vários meios. Aumento da pressão sobre a venda de decodificadores não certificados e não aprovados, por exemplo, e ações contra serviços ilegais de TV por assinatura que distribuem conteúdo pela Internet ou dela dependem.
Seguindo nosso relatório no verão passado de que o Brasil planejava visitar Portugal e Espanha para aprender mais sobre seus programas de bloqueio de ISP, podemos confirmar que essas visitas foram realizadas e que o Brasil vê o bloqueio generalizado como uma arma chave na luta contra a pirataria.
ANCINE e ANATEL Anunciam Nova Parceria
Depois de anunciar a assinatura de um ‘Acordo de Cooperação Técnica’ na semana passada, tudo indica que ANCINE e ANATEL vão agora trabalhar juntas para combater os serviços piratas de TV.
O acordo abrange um período inicial de 24 meses e prevê a ANCINE rastreando e monitorando os serviços piratas. Com base nas denúncias da ANCINE, espera-se que a ANATEL emita instruções aos ISPs para que os serviços sejam bloqueados.
“Com essa troca de informações, a ANCINE sinalizará o conteúdo que está sendo veiculado ilegalmente e a ANATEL poderá solicitar o bloqueio do canal ou do site pirata”, diz Moisés Moreira, da ANATEL.
“A ideia dessa troca de informações é ter velocidade, porque num caso envolvendo uma partida esportiva, por exemplo, tem que ser rápido. É um cenário diferente de um site ou canal que está, por exemplo, exibindo uma série de TV.”
No mês passado, a ANATEL disse que já havia começado a bloquear endereços IP em um esforço para interromper os ‘gatonets’, uma mistura de serviços de TV por assinatura pirata acessados por meio de decodificadores set-top, dispositivos IPTV e vários aplicativos de software.
Em uma medida destinada a proteger o conteúdo de animação japonesa, no mês passado as autoridades brasileiras disseram que fecharam dois dos maiores sites dedicados à pirataria de anime na região.
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